ONU chega a acordo para combater a aids

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os 189 países reunidos na Assembléia Geral das Nações Unidas sobre Aids chegaram nesta quarta-feira a um acordo que resultou numa declaração que estabelece alvos globais para o combate à doença. Porém, numa relutante concessão ao Vaticano e aos países muçulmanos, o documento final não menciona homossexuais, prostitutas e usuários de drogas como grupos particularmente vulneráveis à doença. Cerca de 3.000 ativistas antiaids, empresários e representantes governamentais se reuniram durante três dias para debater a melhor abordagem para a pandemia que hoje atinge 36 milhões de pessoas em todo o mundo. "Você sente a presença dos ativistas em toda a parte, e eles mudaram o clima na sede da ONU", disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas Kofi Annan. Annan quer que os investimentos na prevenção e combate à doença cheguem a US$ 9,2 bilhões anuais, comparados com os US$ 2 bilhões gastos atualmente. Destes, US$ 1 bilhão são os recursos investidos pelo Brasil no combate a aids, que fizeram do país um modelo entre as nações em desenvolvimento. Em sua intervenção, nesta quarta-feira, no plenário das Nações Unidas, o ministro da Saúde, José Serra, reiterou a necessidade de enfrentar a aids em várias frentes. "Sabemos que políticas consistentes e corajosas podem deter a expansão da doença e permitir que as pessoas infectadas pelo HIV tenham uma vida normal e digna", disse o ministro. "Para alcançar esses objetivos, nosso compromisso precisa abranger quatro elementos essenciais: prevenção, tratamento, direitos humanos e recursos." O ministro lembrou que o Brasil produz oito genéricos para o tratamento da aids, distribuídos gratuitamente para os doentes. "Essa produção respeita integralmente as normas internacionais de propriedade, e a concorrência entre as empresas locais vem fazendo com que as indústrias farmacêuticas reduzam seus preços em 70% em média", disse Serra. "Como garantimos acesso universal ao tratamento, a população é encorajada a fazer o teste para aids e está segura de seu caráter confidencial, o que melhorou a notificação dos casos de aids em estágio inicial", afirmou o ministro. O governo brasileiro já deixou claro que não pretende recorrer aos recursos financeiros do fundo internacional de combate à aids e nem vai contribuir com doações. No entanto, o Brasil está disposto a oferecer seu know-how, como já faz com países da América Latina, Caribe e África. Os países africanos, porém, acabaram sendo a grande surpresa da reunião. Os líderes do continente mostraram uma mudança radical em sua atitude em relação à doença, apresentando programas de prevenção e combate à doença cuja existência recusavam-se a aceitar até bem pouco tempo atrás. Segundo especialistas internacionais, essa mudança ocorreu nas últimas semanas, notadamente após a realização de uma reunião de uma cúpula, organizada pelo presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, em abril.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.