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ONU: contaminação com urânio é baixa

Por Agencia Estado
Atualização:

A contaminação causada por projéteis de urânio empobrecido usados em Kosovo é baixa, mas existe a possibilidade de risco de contaminação dos suprimentos de água, concluiu uma investigação feita por técnicos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Em seu relatório final divulgado hoje sobre amostras colhidas em 11 pontos da província em novembro último, a agência afirmou tem encontrado baixos níveis de radiação nas redondezas imediatas dos alvos e uma contaminação leve na poeira de urânio empobrecido. "Não houve ampla contaminação do solo e não há indícios também de que a água, o ar e a vegetação tenham sido afetadas", informou Peka Haavisto, chefe da equipe de técnicos do Pnuma que executou um extenso trabalho de campo em 11 das 112 áreas da província sérvia bombardeadas em 1999 pela aviação da Organização do Atlântico Norte (Otan) com projéteis de urânio empobrecido. "Nossa única preocupação é em relação aos futuros níveis de contaminação dos veios de água subterrâneos que, ao longo dos anos, poderão ser atingidos por infiltração de urânio empobrecido no solo." Haavisto defendeu a extensão do estudo à Bósnia-Herzegovina, bombardeada há mais tempo (cinco anos) com o mesmo tipo de munição. Os técnicos do Pnuma recolheram sete amostras de fragmentos de projéteis, com urânio 238, urânio 236 e plutônio 239 e 240 (resíduos de centrais nucleares). Haavisto classificou de "preocupante" os vestígios de plutônio na munição. A aviação americana, a serviço da Otan, disparou 10,8 mil projéteis de urânio empobrecido na Bósnia entre 1994 e 1995 e cerca de 31 mil na Iugoslávia em 1999 - a maior parte em Kosovo. Essa munição já havia sido utilizada na Guerra de Golfo, em 1990. As amostras recolhidas foram analisadas em laboratórios britânicos, suíços, suecos, italianos e australianos. Dezenas de soldados das forças de paz que atuaram nessas regiões (italianos, holandeses, belgas, portugueses, alemães e franceses) contraíram leucemia. Alguns morreram. A causa foi atribuída ao urânio empobrecido - principalmante pelo governo italiano, que, com apoio do belga, pediu esclarecimento à Otan. Haavisto disse que a investigação não podia estudar os efeitos nos soldados que estavam em campo quando os projéteis de urânio empobrecido atingiram o solo, já que o estudo não foi promovido até 18 meses depois do fim dos bombardeios.

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