ONU critica Mianmar por recrutar crianças no Exército

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Por CLAUDIA PARSONS
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Mianmar deve parar de recrutar menores de 18 anos em seu Exército e liberar os atuais adolescentes alistados, além de permitir que representantes da ONU tenham acesso a áreas remotas onde grupos armados irregulares também fazem uso de crianças como soldados, disse um relatório das Nações Unidas divulgado na sexta-feira. O secretário-geral Ban Ki-Moon disse no relatório que o quadro não é preciso devido às restrições de acesso ao país, mas que há relatos confiáveis de que a tendência de uso de menores como soldados é preocupante. O relatório abrange o período de julho de 2005 a setembro de 2007, um pouco antes da violenta repressão às manifestações na antiga Birmânia. De acordo com o texto entregue ao Conselho de Segurança, há uma política oficial de não recrutar menores, mas a regra é burlada com a ajuda de intermediários que recebem cerca de 30 dólares e uma saca de arroz por recruta. As crianças e adolescentes recrutados em geral são de origem pobre e vulnerável, atraídos pela promessa de casa e comida. Meninos sem documentos são ameaçados de prisão se não entrarem para o Exército. "Há relatos de uma enorme pressão para acelerar o recrutamento", disse Ban, acrescentando que a ONU não pôde verificar a autenticidade das listas de meninos liberados dos quartéis e de responsáveis punidos, entregue pelo governo birmanês. Ban disse que há relatos da presença de crianças de até 9 anos em escolas militares do Exército Unido do Estado Wa, uma guerrilha étnica que, a exemplo de várias outras surgidas desde a independência (1948), assinou um cessar-fogo com o regime militar em 1989, mas continua ativa.

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