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ONU critica sistema de registro de refugiados da Colômbia

País sofre segunda pior crise de deslocamento do mundo, perdendo para o Sudão

Por Agencia Estado
Atualização:

A ONU criticou nesta sexta-feira, 16, o sistema utilizado pelo governo colombiano para registrar os refugiados internos. Na Colômbia, quase 8% da população abandonou suas casas devido ao conflito armado de mais de meio século que assola o país. Antonio Guterres, chefe do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), que realiza uma visita oficial à Colômbia, apresentou nesta sexta o balanço anual de sua agência no país sul-americano, que, com mais de 3 milhões de refugiados, sofre a segunda pior crise de deslocamento humano forçado do planeta, superado apenas pelo Sudão. Falando a jornalistas em Bogotá, Guterres disse que, apesar de a Colômbia contar com uma das "legislações mais avançadas do mundo no reconhecimento do direito de refugiados internos", persiste uma "distância muito difícil de transpor" entre as leis e a realidade. Segundo a Acnur, que recolhe dados junto à Igreja Católica e organizações não-governamentais, cerca de 3 milhões de pessoas fugiram de seus locais originais para protegerem suas vidas, mas o governo reconhece a existência de apenas 1,9 milhão de refugiados internos. Para Guterres, isso quer dizer que "há uma guerra de números na Colômbia" sobre os refugiados, da qual a Acnur não quer participar". Segundo ele, o número do governo já é suficientemente grande para se alertar o mundo sobre o assunto e transformar a questão em "prioridade nacional". O governo apenas registra pessoas que abandonaram suas localidades como resultado direto de um ato de violência e não por simples ameaça de um grupo armado. Em vários casos, pessoas expulsas por grupos paramilitares de extrema direita, que se desmobilizaram como parte de um processo de paz, mas que ressurgiram em várias zonas do país, não podem ser registradas como refugiados porque, para o governo, esses grupos deixaram de existir. Guterres elogiou as conquistas do governo, afirmando que "uma importante parte do orçamento", cerca de US$ 400 milhões, foi destinada para atender os refugiados. Também sublinhou que ser inegável "que o ritmo de crescimento dos refugiados está caindo".

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