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ONU deveria continuar no Congo apesar das críticas, diz enviado

Por LOUIS CHARBONNEAU
Atualização:

Uma ofensiva do governo da República Democrática do Congo (antigo Zaire), que grupos de defesa dos direitos humanos dizem ter causado muitas mortes de civis, não deveria ser suspensa e a força de paz das Nações Unidas deveria continuar apoiando-a, disse um alto funcionário da ONU nesta sexta-feira. O desarmamento de mil de cerca de 6.000 rebeldes no leste congolês ocorreu às custas do deslocamento de cerca de 900.000 pessoas, da morte de mil civis e do estupro de 7.000 meninas e mulheres, dizem grupos humanitários e de defesa dos direitos humanos. Mas Alan Doss, chefe da missão de paz da ONU no Congo, rejeitou insinuações de que a entidade retirou apoio para as forças governamentais que combatiam rebeldes hutus ruandeses, que têm sido parte central em 15 anos de violência na África Central. "Reduzir a pressão agora daria à FDLR (os rebeldes hutus) tempo para se reagruparem e se rearmarem", disse Doss em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o Congo. "Isso iria mandar uma mensagem ambígua para alguns elementos do Exército congolês, que no passado cooperaram com a FDLR", disse ele. "Ruanda também poderia ver isto como um passo atrás na reaproximação que abriu uma perspectiva inteiramente nova" para o leste do Congo, rico em minérios. Os rebeldes, conhecidos como Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), incluem alguns membros de grupos extremistas hutus envolvidos no genocídio em Ruanda, em 1994, e são vistos como uma causa fundamental na violência no Congo, que aumentou apesar da realização, em 2006, de eleições com o objetivo de pôr fim à guerra. Lançada em janeiro, a ofensiva começou na província de Kivu Norte, com o apoio de Ruanda, antigo inimigo do Congo, e se estendeu a Kivu Sul, com o apoio do Conselho de Segurança da ONU. Mas grupos de defesa dos direitos humanos dizem que a ofensiva desencadeou o deslocamento maciço de populações, já que os civis foram apanhados no meio dos ataques dos rebeldes, e também abusos generalizados por parte das tropas governamentais, que agora incluem ex-rebeldes e ex-membros de milícias, integrados apressadamente ao Exército.

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