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ONU dissolve equipe que iria investigar Campo de Jenin

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, voltou a rejeitar hoje a presença de uma comissão investigadora da Organização das Nações Unidas (ONU) para apurar as denúncias palestinas de que um massacre teria ocorrido no campo de refugiados de Jenin. A nova recusa deixa a missão da ONU à beira de um fracasso. Kofi Annan, secretário-geral das Nações Unidas, "está orientado" a decidir a dissolução da comissão investigadora encarregada de verificar o que ocorreu em Jenin, informou o subsecretário da organização Kieran Prendergast. De acordo com ele, os desdobramentos no local onde teria ocorrido o massacre ocorrem com mais velocidade a cada dia que passa, principalmente depois que Israel permitiu o retorno dos palestinos que moravam no devastado campo de refugiados. "Isto faz com que fique cada vez mais difícil determinar exatamente o que aconteceu." O Conselho de Defesa israelense, presidido por Sharon, emitiu um comunicado hoje em Jerusalém. Segundo o documento, "o processo de verificação dos fatos não poderá começar até que sejam cumpridas as questões essenciais que Israel pleiteou para permitir que a comissão da ONU desempenhe suas funções com eqüidade". Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, advertiu que o Conselho de Segurança da ONU, que se reunirá amanhã para tratar do assunto, poderia agora reagir adotando decisões unilaterais contrárias aos interesses de Israel. Depois de ter consentido a investigação dos fatos em Jenin, é pouco provável que os Estados Unidos, principal aliado de Israel, exerça seu direito de veto no Conselho de Segurança, comentou Peres. A recusa israelense em permitir a entrada da comissão investigadora da ONU poderá resultar agora no total isolamento do Estado judeu. "Acredito que fizemos tudo o que era possível para levar em contas as preocupações de Israel?, disse Annan ao comentar a nova recusa de Tel Aviv. "Neste aspecto, creio ser urgente ir ao local para determinar o que ocorreu e deixar para trás as acusações e rumores." Na opinião de Yasser Abed Rabbo, ministro palestino da Informação, "a decisão israelense é em si um crime de guerra contra o povo palestino e confirma que ocorreu um massacre em Jenin". Em 19 de abril último, Israel consentira a presença da comissão, afirmando que não tinha nada a esconder e definindo como uma "infame difamação" a acusação palestina de que civis teriam sido massacrados e outras violações dos direitos humanos teriam ocorrido durante o ataque do Exército israelense ao campo de refugiados. Porém, após o consentimento inicial, Israel começou a impor uma série de condições com relação aos membros da comissão e ao mandato dos investigadores. O Estado judeu quer que a comissão se limite a "determinar os fatos sem tirar conclusões nem fazer recomendações de nenhum tipo".

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