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ONU exige que México siga recomendações da CIDH sobre direitos humanos

Em visita ao país, alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, reiterou apoio às recomendações da CIDH ao país

Atualização:

CIDADE DO MÉXICO - O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, disse na quarta-feira, 7, que dá suporte ao trabalho da CIDH no México, tanto na avaliação dos direitos humanos no país como na investigação do desaparecimento de 43 estudantes há um ano.

"Apoio totalmente suas descobertas, que coincidem em grande parte com as opiniões do meu escritório e de vários analistas e órgãos internacionais de direitos humanos", afirmou o alto-comissário após concluir sua visita de três dias ao México.

O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein (C), se encontra com o presidente do México, Enrique Peña Nieto (D) Foto: EFE

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A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) afirmou na sexta-feira passada, ao finalizar uma visita de cinco dias ao país, que o México enfrenta "uma grave crise de direitos humanos", caracterizada por uma situação "extrema de insegurança, violência e graves violações".

Essas palavras não agradaram o governo do México, que imediatamente afirmou que a CIDH deu uma visão parcial que não refletia a realidade do país.

O alto-comissário também apoiou o relatório apresentado em setembro pelo Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) da CIDH sobre o desaparecimento de 43 jovens em 26 de setembro de 2014 em Iguala, no estado de Guerrero.

O grupo denunciou sérias irregularidades na investigação e questionou a versão da procuradoria-geral mexicana sobre o ocorrido no incidente.

Segundo a versão apontada pelo grupo, os jovens foram detidos por policiais corruptos no município de Iguala e entregues a integrantes do cartel Guerreros Unidos, que os assassinaram e queimaram em um aterro sanitário próximo.

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"É importante que o governo atue decisivamente sobre as recomendações do GIEI", disse o alto-comissário, para quem o caso mostrou a "fraqueza" da polícia e "rachou" a confiança da população em relação às instituições.

A ONU também insistiu para que o governo mexicano permita que os especialistas entrevistem os integrantes do Batalhão 27 do Exército, com sede em Iguala, que foram testemunhas dos fatos violentos do dia 26 de setembro de 2014.

Diante de "limitações e irregularidades" relacionadas com o serviço legista no México, o representante da ONU considerou "urgente" a criação de um instituto legista de caráter autônomo.

Zeid Ra'ad al-Hussein responsabilizou "poderosos e impiedosos" grupos do crime organizado pela violência, lembrando que "muitas desaparições forçadas, atos de tortura e execuções extrajudiciais" foram feitas por autoridades federais, estaduais e municipais. / EFE

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