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ONU lança campanha pelo fim de menores em combates

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de meio milhão de crianças participam atualmente, dos conflitos armados em todo o mundo, tanto ao lado de grupos rebeldes como nos exércitos nacionais. Para tentar reduzir esse número, as Nações Unidas e organizações não-governamentais lançaram, hoje, em Genebra, uma campanha internacional para convencer governos e grupos armados a deixarem de convocar crianças para suas forças armadas. Segundo estimativas da ONU, mais de 300 mil crianças fazem parte da linha de frente de conflitos em 35 países e, em muitos casos, são as primeiras vítimas. O continente africano é, provavelmente, o local com o maior número de crianças-soldado no mundo. Mas o uso de menores em campos de batalha não se limita aos países pobres. A ONU lembra que, nos anos 80, a Inglaterra chegou a enviar garotos de 17 anos para a Guerra das Malvinas e até mesmo para a Guerra do Golfo, em 1991. Na América Latina, a situação na Colômbia é a que mais preocupa a ONU. Segundo a organização, cerca de 10 mil "crianças-soldado" estão atuando no conflito no país, sendo que 40% delas nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o restante em grupos paramilitares e em milícias urbanas. Na avaliação da ONU, um acordo de paz na Colômbia terá que incluir um programa para recuperar psicologicamente essas crianças. Os problemas psicológicos são, de fato, uma das piores consequências geradas pelo envolvimento de menores de 18 anos em conflitos armados. Napoleon Adok, do Sudão, foi uma dessas crianças que lutou em uma guerra já com 14 anos de idade e confirma que os efeitos psicológicos serão sentidos durante toda sua vida. Hoje, com 28 anos e trabalhando para a Unicef, Adok ressalta que somente conseguiu escapar vivo dos conflitos por ter optado por trabalhar como motorista de ambulâncias do exército do Sudão. "Se eu continuasse lutanto e se tivesse sobrevivido, hoje eu já seria general", afirma. Para reverter esse quadro, a ONU pede que os países ratifiquem o acordo internacional que torna ilegal o envolvimento de crianças em conflitos armados. O problema, porém, é que potências como os Estados Unidos recrutam indivíduos a partir de 17 anos de idade e assinar um acordo como o da ONU exigiria uma reforma das leis do país. Apenas 14 países aderiram ao acordo e, por enquanto, nem mesmo o Brasil faz parte desse grupo formado por países como Noruega, Canadá, Quênia e Nova Zelândia.

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