
05 de agosto de 2014 | 15h14
GENEBRA - À medida que o cessar-fogo de 72 horas tomou conta da Faixa de Gaza, uma autoridade das Nações Unidas disse nesta terça-feira que a ofensiva de quase um mês contra o Hamas, a organização islamista que administra Gaza, teve um "impacto catastrófico e trágico" sobre as crianças no território e sua reconstrução exigiria centenas de milhões de dólares.
O conflito matou 392 crianças e feriu 2.502, de acordo com Pernille Ironside, chefe do escritório da Unicef em Gaza. Cerca de 370 mil crianças tiveram experiências traumáticas e precisam de ajuda psicológica, disse ela.
"Não há uma única família em Gaza que não foi tocada por uma perda direta", disse Pernille. "O impacto que teve na capacidade das crianças de lidar com dificuldades não pode ser subestimada."
O armamento usado no assalto a Gaza causou amputações e mutilações, acrescentou ela. "Isso aconteceu sob o olhar das crianças", disse ela. "Elas viram seus amigos e parentes morrerem."
As Nações Unidas e outras agências humanitárias estão no limite de sua capacidade de lidar com as consequências do ataque, o que segundo Ironside ultrapassou em muito o impacto combinado de dois conflitos anteriores, 2008-09 e 2012.
Cerca de 270 mil pessoas buscaram abrigo em cerca de 90 centros administrados pelo Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa), e pelo menos 200 mil outras pessoas se refugiaram com os membros da família, amigos ou vizinhos.
O dano causado à infra-estrutura de energia e água de Gaza levou a escassez aguda de água limpa por várias semanas. O que está disponível é usado apenas para beber e não é suficiente para a higiene básica, disse Ironside, dando origem a sarna e outras doenças contagiosas.
Bombardeios danificaram 142 escolas e várias ataques à única usina de Gaza e outras infra-estruturas deixaram-no sem possibilidade de conserto, disse Ironside. O custo da reconstrução vai custar "centenas e centenas e centenas de milhões de dólares", disse ela.
Mas os rigorosos controles israelenses sobre bens que entram em Gaza limitaram gravemente os esforços passados de reconstrução, disse Ironside. Ela pediu um fim ao bloqueio de Israel. "A comunidade internacional não pode aceitar a reconstrução de Gaza nas mesmas condições de antes", disse ela. / NYT
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