O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu na quinta-feira, 18, à comunidade internacional que destine US$ 1,441 bilhão em assistência às vítimas do terremoto do Haiti, valor recorde na história do organismo."Temos que voltar a ouvir nosso coração e dispor de nossos recursos, com solidariedade e compaixão. Hoje pedimos à comunidade internacional US$ 1,441 bilhão para ajuda humanitária e reconstrução", disse o responsável das Nações Unidas, em reunião com doadores.
O organismo multilateral recebeu mais de US$ 600 milhões desde que fez seu primeiro pedido de ajuda para o Haiti, no último dia 15 de janeiro, três dias após o terremoto, e agora precisa de mais US$ 768 milhões para garantir a assistência a três milhões de pessoas durante um ano, explicou.
A ajuda solicitada "servirá para financiar a continuidade da ajuda de emergência, mas mais que isso, será empregada para que sejam estabelecidos os alicerces da recuperação e a reconstrução", afirmou Ban, acompanhado do coordenador da ajuda internacional para o Haiti, o ex-presidente americano Bill Clinton.
O secretário-geral assegurou que a distribuição de ajuda "melhora dia a dia, embora ainda existam necessidades que não foram atendidas" e a proximidade da época de chuvas aumenta a urgência para resolução do problema de falta de abrigo, instalações sanitárias e assistência médica a um milhão de pessoas que perderam seus lares.
"Se tudo for bem feito, poderemos transformar a tragédia em uma oportunidade. Uma oportunidade de reinventar o Haiti, como diz o presidente Clinton. Uma oportunidade de transformar a ajuda em um investimento", ressaltou.
Ban agradeceu a generosidade dos países presentes na sala por suas respostas à tragédia no Haiti, destacando as participações das nações caribenhas e latino-americanas que têm militares e soldados trabalhando na missão da ONU no país (Minustah).
O dinheiro solicitados pela ONU se somarão à ajuda que será arrecadada na conferência mundial de doadores para a reconstrução do Haiti, que será realizada no final de março na sede das Nações Unidas em Nova York, sob coordenação de Clinton.
O ex-presidente voltou a trabalhar na quarta-feira, depois da cirurgia pela qual passou no último dia 11 de fevereiro após sentir dores no peito.
"Se não podem doar o que querem, enviem o que podem, o mais cedo possível", disse Clinton, que defendeu o trabalho humanitário que está sendo realizado no Haiti "apesar das dificuldades".
Clinton garantiu que o Governo haitiano está comprometido em reconstruir "um país melhor", mas primeiro é preciso ajudar os desabrigados "a viverem de semana em semana, e não de dia a dia".
Pelo menos 217 mil pessoas morreram no terremoto de sete graus na escala Richter que atingiu o Haiti no último dia 12 de janeiro, com maior intensidade na capital Porto Príncipe e em outras localidades do sul do país.
O abalo, além disso, deixou cerca de 1,2 milhão de pessoas sem teto, das quais aproximadamente 700 mil estão vivendo em acampamentos improvisados, sem condições higiênicas e sanitárias, segundo as Nações Unidas.
O organismo deve instalar cerca de 30 mil tendas de campanha nas próximas seis semanas, além de uma quantidade de lona resistente à água que poderá proporcionar refúgio a um milhão de pessoas.
O US$ 1,441 bilhão pedido para o Haiti é a maior ajuda solicitada na história das Nações Unidas em uma situação de catástrofe natural. Segundo a ONU, o maior volume pedido anteriormente, US$ 1,410 bilhão, era relativo à campanha humanitária a favor dos desabrigados pelo tsunami que devastou as costas de mais de dez países do Oceano Índico.