Entidade da ONU pede que Maduro realize investigações 'transparentes' sobre mortes na Venezuela

Organização apela para que população use 'meios pacíficos para fazer suas vozes serem ouvidas'

PUBLICIDADE

Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA – A ONU pede que o governo de Caracas garanta “investigações transparentes” em relação às mortes ocorridas nos últimos dias na Venezuela, no contexto de protestos realizados em diversas cidades do país. 

“Estamos profundamente preocupados com a escalada de violência na Venezuela”, declarou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos. “Pedimos que as forças de ordem atuem e operem respeitando suas obrigações”, alertou ela em referência às suspeitas de violação de direitos humanos. “A administração desses protestos precisa estar dentro de padrões internacionais”, insistiu, alertando que o uso da força precisa ser evitado.

Centenas de opositores venezuelanos participam da 'mãe de todas as marchas' contra o presidente Nicolás Maduro Foto: REUTERS/Marco Bello

PUBLICIDADE

“Pelo menos 23 mortes foram supostamente relatadas e o contexto não está claro”, disse Ravina. “Pedimos que esses incidentes sejam investigados. Mas essas investigações precisam ser transparentes”, afirmou. 

Em Genebra, a chanceler da Argentina, Susana Malcorra, informou que uma reunião de emergência será organizada nesta terça-feira, 25, em Washington, na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), para tratar exclusivamente do caso da violência na Venezuela. "Estamos preocupados", disse a ministra, que preside o Mercosul. 

Para a população, o escritório da ONU também faz um apelo. “Solicitamos que usem meios pacíficos para fazer suas vozes serem ouvidas."

Por anos, o governo de Caracas tem rejeitado a entrada de missões da ONU relacionadas a apurações sobre direitos humanos. Recentemente, a ONU alertou ao governo venezuelano de Nicolás Maduro que sua iniciativa de entregar armas à população apenas faria aumentar o risco de um confronto no país.  

“Dar armas a civis implica um risco muito alto”, afirmou Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, órgão que ao longo dos anos tem tentando aproximar a oposição ao governo de Maduro, sem sucesso. “O que se necessita nesse contexto de conflito é que a tensão seja reduzida, não que seja incrementada. Quanto maior o número de armas pelas ruas, maior a possibilidade de que possam ser usadas”, disse Colville.  

Publicidade

Maduro anunciou a aprovação de um plano para expandir para 500 mil os membros da milícia bolivariana. Segundo ele, o grupo estará em todo o território para a “defesa do país”. “Uma arma para cada miliciano”, prometeu Maduro em um anúncio por rádio e televisão.

Veja abaixo: 'Eleições já', pede Maduro

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.