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ONU quer acordo complexo e integrado sobre clima

Por ALISTER DOYLE
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As negociações climáticas de novembro e dezembro no México buscarão chegar a um complexo conjunto de acordos integrados contra o aquecimento global, mas não devem resultar em um novo tratado de cumprimento obrigatório, disse na quarta-feira a principal autoridade climática da ONU. Christiana Figueres disse que os governos reduziram suas ambições para o evento de 29 de novembro a 10 de dezembro em Cancún, depois do fracasso da reunião de 2009, em Copenhague, na busca por um novo tratado climático. "Este é um processo complexo e vai ser um processo lento", disse a costa-riquenha. Uma das resoluções possíveis em Cancún é a criação de um novo "Fundo Verde", com um valor de 100 bilhões de dólares anuais a partir de 2020, para lidar com a ajuda climática de longo prazo às nações em desenvolvimento. Isso deveria ser completado, inclusive com mecanismos de compartilhamento de energias limpas e de proteção das florestas tropicais, entre outras medidas. "Não ouço nenhuma parte dizer que haveria a possibilidade de apenas escolher alguns dos componentes e levá-los adiante", disse ela a jornalistas por telefone. "O que eu ouço das partes é sobre a necessidade de um pacote equilibrado." "Um acordo em Cancún não irá resolver todo o problema", acrescentou Figueres, que dirige o Secretariado de Mudança Climática da ONU, com sede em Bonn, na Alemanha. Ela não disse quais seriam os riscos para o processo caso um dos elementos seja deixado de lado. Figueres afirmou também que o governo dos EUA deveria manter sua promessa de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 17 por cento até 2020, em relação aos níveis de 2005, embora isso não tenha chances práticas de virar lei, já que os republicanos, contrários aos cortes, terão maioria na Câmara dos Deputados a partir de 2011. "O mundo certamente espera que os Estados Unidos cumpram essa promessa", disse ela, acrescentando que Obama teria a opção de regulamentar esses cortes por meio da Agência de Proteção Ambiental. Segundo ela, as ofertas de redução das emissões feitas pelos vários países até agora seriam insuficientes para limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius, conforme prevê o documento aprovado em Copenhague, sem caráter vinculante. A temperatura já subiu 0,7 grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais. A dirigente da ONU afirmou também que Cancún seria uma boa oportunidade para as nações desenvolvidas firmarem seus compromissos de redução de emissões. Muitos governos, como da Austrália e União Europeia, condicionam suas ações às metas adotadas por outros países. Ela disse também que um dos principais entraves nas negociações é se o primeiro passo no "Fundo Verde" seria uma "decisão política" pela sua criação, a ser tomada em Cancún, ou se o ideal seria primeiro desenvolver seus mecanismos para depois colocá-lo em prática, como querem os EUA, por exemplo. "Estou confiante de que as diferenças que ainda estão sobre a mesa podem ser resolvidas", afirmou ela. (Reportagem adicional de Gerard Wynn, em Londres)

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