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ONU quer punir empresas que patrocinaram guerra no Congo

Por Agencia Estado
Atualização:

A ONU quer penalizar as empresas por terem contribuído em conflitos armados. Ainda neste mês, as Nações Unidas irão propor aos países do Conselho de Segurança que adotem sanções contra 29 empresas por ações durante os conflitos na República Democrática do Congo (RDC) que deixaram mais de três milhões de mortos, nos últimos anos. O motivo das sanções: as empresas ajudaram a organizar o ?saque sistemático das riquezas naturais? do país, e contribuíram para financiar os grupos armados que lutavam na RDC. O conflito, que se intensificou nos anos 90, reuniu os exércitos de sete países africanos, além de três guerrilhas de Ruanda e Uganda. Além do confronto entre as diferentes etnias pelo poder, a guerra se transformou em um saque organizado, no qual líderes militares de diferentes facções eram apoiados por empresas em busca dos recursos naturais como diamantes, ouro e estanho. As Nações Unidas também apontam que os acordos entre as empresas e os líderes locais, apesar de terem construído verdadeiras fortunas para alguns, acabou se tornando uma verdadeira rapina das riquezas do país. Um dos exemplos dados pela ONU é o do coltan (columbita-tantalita), minério do qual se extrai o tântalo, metal utilizado na fabricação de celulares. Segundo a organização, um quilo do produto custava US$ 5,00 (quase R$ 20,00). No mercado europeu, o quilo do mineral era vendido por US$ 400,00, mais de R$ 1,5 mil. Das 29 empresas que a ONU pede que sejam sancionadas, quatro são belgas: Ahmad Diamond Co., Asa Diam, Sierra Gem Diamonds e Triple A Diamonds. Além desse grupo, a ONU identificou outras 85 que deveriam ser investigadas para avaliar se teriam violado as diretrizes da OCDE sobre o comportamento ético das empresas multinacionais. Entre as empresas envolvidas está a Bayer AG, o banco britânico Barclays e a mineradora DeBeers. O documento da ONU, que será levado ao Conselho de Segurança ainda neste mês, aponta o nome de 54 pessoas que deveriam ser julgadas pelo conflito, entre eles o chefe do exército de Ruanda, James Kabarebe, e o ex-presidente do Parlamento de Zimbábue, Emmerson Mnangagwa.

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