ONU registra recorde de morte de civis no Iraque em outubro

Porta-voz da Missão Assistencial da ONU no Iraque disse que 3.709 civis iraquianos morreram em outubro, superando o recorde anterior de 3.590 mortes em julho

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Por Agencia Estado
Atualização:

O número de civis iraquianos mortos desde a invasão americana em marcos de 2003 alcançou um novo recorde no mês de outubro, informou a ONU por meio de comunicado divulgado nesta quarta-feira em Genebra. Segundo as Nações Unidas, o número indica a severidade do derramamento de sangue sectário que atinge o país. Said Arikat, porta-voz da Missão Assistencial da ONU no Iraque (UNAMI), disse que 3.709 civis iraquianos morreram em outubro, superando o recorde anterior de 3.590 mortes de civis ocorridas em julho. A contagem é mais de três vezes superior ao total calculado pela agência de notícias Associated Press no mesmo mês, e bem acima dos 2.866 soldados americanos mortos durante todo o conflito. Especialistas da ONU responsáveis pelo relatório, que também analisa a situação dos direitos humanos no país árabe, atribuíram o recorde ao aumento da influência das milícias armadas e dos casos de tortura. Os dados vão de encontro com a promessa do governo iraquiano em combater os abusos. "Centenas de corpos continuam aparecendo em diferentes partes de Bagdá com algemas, vendas e sinais de tortura e execução", destaca o documento da ONU. "Muitas testemunhas afirmam que os responsáveis (pelas execuções) usavam uniformes de milícias e até mesmo da polícia ou do Exército", prosseguem os autores do levantamento. O relatório pinta um cenário amargo da situação no país árabe. O texto relata o crescimento de ataques a jornalistas, juízes e advogados, a piora da situação para as mulheres, a violência contra minorias religiosas e os ataques contra escolas. O levantamento é baseado em dados coletados junto ao Ministério da Saúde iraquiano, hospitais e do Instituto Médico Legal de Bagdá. Atividades criminosas "Eu acho que o tipo de violência mudou nos últimos meses", explicou Gianni Megazzeni, chefe da UNAMI em Bagdá. "Houve um grande crescimento na violência sectária e em atividades de terroristas e insurgentes, mas houve também um crescimento nas atividades de milícias e gangues criminosas", completou. Segundo o relatório, o escritório de direitos humanos da UNAMI continua a receber informes de que policiais e membros das forças de segurança iraquianas estão infiltrados ou agem em parceria com os militantes. O texto ressalta que embora a violência sectária seja a causa central dos assassinatos de civis, os iraquianos continuam a ser vítimas de atos terroristas, explosões de beira de estrada, tiroteios, fogo cruzado, seqüestros, crimes comuns e abusos policiais. Perguntado sobre o relatório, o porta-voz do governo iraquiano Ali al-Dabbagh classificou-o como "impreciso e exagerado", pois "não está baseado em relatórios governamentais oficiais". Segundo Dabbagh, entretanto, o governo ainda não possui informe como o da ONU, mas "ele será publicado em breve". Texto ampliado às 15h16

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