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ONU vota nesta quinta-feira novo status da Palestina

Apesar da oposição de Israel e dos EUA, cerca de 150 países são a favor do novo status

Por GUSTAVO CHACRA , CORRESPONDENTE e NOVA YORK
Atualização:

NOVA YORK - A Palestina deve ser reconhecida hoje como Estado observador das Nações Unidas em votação na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Apesar da oposição de Israel e dos EUA, cerca de 150 países são a favor do novo status palestino, incluindo Brasil, Rússia, China, Índia, França e África do Sul. A iniciativa palestina, que ocorre no aniversário de 65 anos da decisão da mesma Assembleia-Geral dividindo a região entre um Estado judaico e outro árabe, ganhou ontem o apoio de mais países europeus. Espanha, Suíça e Dinamarca juntaram-se à França na decisão de reconhecer o novo Estado.A Grã-Bretanha, que vinha com uma posição próxima a da americana, não descartava ontem a possibilidade de votar a favor. A Alemanha e a República Checa indicavam que poderiam votar contra, juntando-se aos EUA e a Israel na oposição ao reconhecimento da Palestina como Estado observador.Esse cenário aumentou o ceticismo em Israel de que nem mesmo uma "vitória moral", com o apoio das principais potências ocidentais, será alcançada. Dos 27 países da União Europeia, ao menos 15 apoiarão os palestinos. A maioria dos demais, como a Itália, optará pela abstenção.Mark Regev, porta-voz do governo israelense, disse ter ficado "decepcionado com a decisão de alguns amigos europeus" de votarem a favor da Palestina. "No fim, o que vemos na ONU é um grande teatro. Não afetará em nada a realidade", disse. Israel afirma que o reconhecimento de um Estado só pode ser resultado de um processo de negociação entre os dois lados.O presidente palestino, Mahmoud Abbas, que está em Nova York, onde se reuniu ontem com autoridades americanas, tentou, no ano passado, obter a condição de membro pleno das Nações Unidas. Neste caso, precisaria também da aprovação do Conselho de Segurança - no qual Obama afirmou que usaria o poder de veto americano, inviabilizando a iniciativa. A decisão de ir à Assembleia-Geral foi tomada há meses, mas ganhou mais força nas últimas semanas. Alguns países, como a França, afirmam ser importante fortalecer Abbas no momento em que o Hamas ganha popularidade, não apenas na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia, depois de vários confrontos armados contra Israel.A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland, mais uma vez, declarou que Washington não é contra os palestinos, mas que "a criação da Palestina deve ser feita por meio de negociações, não na Assembleia-Geral". Os EUA, assim como outros países europeus, tentaram convencer Abbas a abrandar o teor da resolução, pedindo a inclusão de uma garantia de que não buscará o Tribunal Penal Internacional caso ganhe status de Estado observador e concorde em retornar à mesa de diálogo - ambas as exigências foram rejeitadas.

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