ONU vota resolução sobre a Síria

Proposta pede o envio de uma equipe para monitorar o cessar-fogo no país no começo da próxima semana.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O Conselho de Segurança da ONU votará uma resolução autorizando o envio de monitores para supervisionar o cessar-fogo na Síria. O texto da proposta foi finalizado por membros do Conselho na noite desta sexta-feira e deverá ser votado no início do sábado, segundo diplomatas. No entanto, não está claro se a Rússia - que vetou resoluções anteriores - irá apoiar o documento. O enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, pediu que uma equipe seja enviada imediatamente para garantir que o governo está cumprindo com o plano de paz. Diversas mortes foram registradas nesta sexta-feira apesar do cessar-fogo, quando milhares de manifestantes foram às ruas em todo o país em um novo protesto contra o presidente Bashar Al-Assad. O plano de paz proposto por Annan pretende pôr fim a mais de um ano de violência no país, que deixou 9 mil mortos, a maioria civis. Discordâncias Em Nova York, esforços para redigir o texto da resolução foram dificultados por discordâncias entre a Rússia e os Estados Unidos, que impediram uma votação ainda na sexta-feira. Diplomatas revisaram um rascunho proposto pelos Estados Unidos para incluir as objeções da Rússia, mas ainda não há certeza de que Moscou apoiará a versão final. O representante permanente da Rússia, Vitaly Churkin, disse a jornalistas que há "uma boa discussão" acontecendo, mas que ele não está "completamente satisfeito" com as negociações. O texto será enviado para os governos para ser aprovado durante a noite e a votação deve acontecer às 11 horas da manhã no horário local, no próximo sábado. A resolução pede o envio de uma equipe de 30 monitores. Será preciso uma autorização adicional para aumentar a equipe para 250 monitores, o total pedido por Kofi Annan. Segundo Ahmed Fawzi, porta-voz de Annan, os observadores estão "de prontidão para embarcar nos aviões e ir a campo o mais rápido possível". Missão A ONU pede que o governo de Bashar al-Assad e os grupos oposicionistas obedeçam a todos os pontos do plano de paz de Annan, incluindo a retirada de soldados e um fim à "violência armada em todas as suas formas". A proposta ameaça aplicar "mais medidas", ainda não especificadas, se o regime sírio "não implementar estes compromissos". Horas antes, o presidente americano Barack Obama, autorizou o aumento da ajuda americana à "oposição política não-violenta" da Síria, que inclui o envio de equipamentos de comunicações e suprimentos médicos. O Brasil já enviou um militar da Marinha para a Síria em uma missão especial do do ex-secretário geral da ONU Kofi Annan, chefiada pelo general norueguês Robert Mood, no dia 5 de abril. A equipe iniciou as tratativas com o governo de Bashar Al-Assad para o possível envio de observadores internacionais para monitorar o cessar-fogo. O brasileiro está agora na sede da ONU nos EUA ajudando a preparar um relatório sobre a missão. Apesar disso, segundo um diplomata do Ministério das Relações Exteriores que falou à BBC sob condição de anonimato, o Brasil não tem, a princípio, interesse em enviar mais militares para uma eventual missão internacional de observadores no país. Manifestações e mortes O cessar-fogo entre as forças do governo sírio e os oposicionistas, que é a parte principal do plano de paz, está sendo mantido na maior parte do país. No entanto, grandes protestos ocorreram em várias partes da Síria e ativistas informaram que várias pessoas foram mortas a tiros durante protestos nesta sexta-feira. As forças de segurança teriam disparado para o alto a fim de dispersar a multidão que deixava as mesquitas após as orações de sexta-feira. Em alguns casos, os disparos mataram e feriram os manifestantes. Ativistas informaram que na quinta-feira vários civis também foram mortos, mesmo depois de o cessar-fogo entrar em vigor às 6h no horário local. O governo sírio, por sua vez, disse que um ataque a bomba matou um soldado. Os dois lados prometeram obedecer ao cessar-fogo, mas afirmam que têm o direito de reagir caso sejam atacados. Kofi Annan afirmou que a Síria não obedeceu completamente o acordo e ainda precisa retirar soldados e armamentos pesados das cidades. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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