Onze anos após 11/9, americanos se sentem menos ameaçados por terror

Pesquisa indica preocupação maior de americanos com rumos da economia e sobre papel dos EUA

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Por Ligia Hougland
Atualização:

WASHINGTON - Pouco mais de uma década depois do ataque de 11 de setembro de 2001, os americanos se sentem menos ameaçados pelo terrorismo, segundo uma pesquisa do Chicago Council on Global Affairs divulgada nesta semana. A pesquisa, realizada de maio a junho deste ano com mais de 1,8 mil participantes, revelou ainda uma divergência na visão que os americanos mais jovens tem do papel dos Estados Unidos no mundo.

 

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Veja também:blog AO VIVO: EUA relembram 11 anos de ataquesvideo TV ESTADÃO: Nova York não está paralisada como no ano passado, relata correspondentetabela ESPECIAL: Os dez anos do 11 de SetembroEntre os entrevistados de 18 a 29 anos, 52% acham que os Estados Unidos não devem ser envolver em questões de política internacional, ao passo que apenas 35% das pessoas de faixas etárias mais elevadas compartilham esse ponto de vista. A maioria dos americanos acima de 29 anos (61%) ainda acredita que os EUA devem exercer um papel de liderança no cenário global. Ameaças

 

Quando perguntados sobre o que consideram ser as maiores ameaças aos interesses americanos, 67% dos participantes ainda citam o terrorismo em primeiro lugar, apesar de os resultados apresentarem queda de 6 pontos em relação a 2010. A preocupação com o programa nuclear iraniano também diminuiu em 4 pontos em relação ao 2010, com 64% dos participantes afirmando que essa é a principal ameaça ao país. A maior queda nesse quesito foi vista em relação à presença de imigrantes e exilados políticos. Em 2010, 51% dos entrevistados acreditavam que o grande número de imigrantes e refugiados presentes nos Estados Unidos representava um problema grave à nação. Dois anos mais tarde, apenas 40% dos participantes da pesquisa consideram isso uma grande ameaça. Apesar de os americanos ainda considerarem a região do Oriente Médio a maior fonte de ameaças futuras, quando o assunto é política externa, a região da Ásia, e mais especificamente a China, começa a ocupar um papel maior. De acordo com o estudo, isso pode ser reflexo de uma preocupação maior da população com a economia e de mudanças no cenário geopolítico mundial. Esta é a primeira vez, desde 1994, que a maioria dos americanos (52%) diz que a Ásia é mais importante para a economia dos Estados Unidos do que a Europa. Apenas 47% dos entrevistados ainda consideram a Europa o continente economicamente mais relevante para o país. Rumos da economia

 

Apesar de estarem mais longe da explosão da crise financeira de 2008, atualmente 83% dos americanos consideram que a proteção dos empregos dos cidadãos deve ser uma meta importante na condução da política externa do país. Em 2010, apenas 79% dos entrevistados afirmaram o mesmo. Para 77%, outra meta importante seria diminuir a dependência do petróleo estrangeiro, outro aumento verificado em relação a 2010, quando 74% indicaram o mesmo. A pesquisa revelou ainda que menos americanos estão interessados em promover e defender direitos humanos em outros países (28%, queda de 4% em relação a 2010) e em ajudar a formar governos democráticos em outras nações (14%, contra 19% em 2010). Brasil Outro reflexo da transformação no cenário global é que 69% dos americanos acha bom dividir as responsabilidades de política externa com países como a Turquia e o Brasil. Apenas 28% dos entrevistados consideram isso negativo, pois temem que esses países ajam de forma contrária aos interesses dos Estados Unidos. "O crescimento do Brasil vai mudar a dinâmica não só com os Estados Unidos, mas com o mundo todo, e espero que o governo americano esteja prestando a atenção nisso", disse à BBC Brasil Jane Harman, presidente do Wilson Center, organização sediada em Washington dedicada a estudos de políticas nacionais e internacionais. "Também espero que, não importa quem seja o novo presidente dos Estados Unidos, uma principal prioridade dele seja desenvolver o já bom relacionamento com o Brasil."

 

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