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Onze países sabiam de prisões secretas da CIA, diz UE

O relatório de uma comissão do parlamento europeu acusa Javier Solana de não fornecer informações sobre as prisões de supostos terroristas em solo europeu

Por Agencia Estado
Atualização:

Grã Bretanha, Polônia, Itália, Alemanha e outros sete membros da União Européia (UE) sabiam da existência de prisões secretas administradas pela CIA no continente e fizeram vistas grossas, afirma um relatório preparado pelo Parlamento Europeu apresentado nesta terça-feira. As primeiras alegações de que agentes da CIA utilizaram aeroportos europeus para transportar prisioneiros à centros de detenção secretos - incluindo complexos no leste europeu - vieram à tona em novembro de 2005. Mais tarde, grupos de defesa dos direitos humanos identificaram a Polônia e a Romênia como as possíveis centro receptores destes prisioneiros. Ambos os países negam. O rascunho do texto, escrito após meses de investigação conduzida por uma comissão especial, também acusa altos funcionários da UE, incluindo o chefe de política externa do bloco, Javier Solana, de não fornecerem informações precisas sobre as prisões de supostos terroristas promovidas pelos Estados Unidos em solo europeu. O relatório critica ainda o coordenador de políticas antiterror da UE, Gijs de Vries, assim como Solana, por "omissão" durante seus depoimentos para a comissão. O rascunho, apresentado à comissão especial da UE para as supostas prisões e seqüestros promovidos pela CIA na Europa, pede que as autoridades nacionais lancem investigações independentes para apurar se seus serviços de segurança violaram as legislações de direitos humanos da UE. Nenhum governo da União Européia admitiu a realização das supostas operações antiterrorismo em seus territórios. Segundo o relatório, as 11 nações que sabiam das operações da CIA na Europa são: Grã Bretanha, Polônia, Itália, Alemanha, Suécia, Áustria, Irlanda, Espanha, Portugal, Grécia e Chipre. O Comissariado de Justiça e Assuntos Internos da UE, Franco Frattini, havia alertado que os governos envolvidos nas operações poderiam ser processados por violarem as leis do bloco. Provas Embora enxuto em provas que comprovem suas alegações, o relatório alega ter obtido informações de documentos secretos e de várias fontes. Entre elas estaria uma gravação de uma reunião informal entre os ministros de Exteriores da UE e da Otan, que teve a participação da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice. "A comissão temporária obteve gravações da reunião informal com fontes confidenciais, o que comprova que Estados membros sabiam do programa de rendição extraordinária e prisões secretas", diz o relatório. Para a vice-presidente da comissão parlamentar, a democrata liberal britânica Sarah Ludford, a UE deve agora pressionar os Estados membros para que estes dêem explicações sobre as informações obtidas. "Se a aspiração da União Européia é tornar-se uma comunidade que respeita os direitos humanos, é necessário que haja agora uma forte resposta à estas evidências de que a CIA seqüestrou, prendeu ilegalmente e transportou supostos terroristas pela Europa enquanto os governos europeus faziam vista grossa", disse ela. Em setembro deste ano, o presidente americano. George W. Bush, admitiu pela primeira vez que suspeitos de terrorismo foram mantidos presos pela CIA no exterior, sem especificar os locais.

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