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Opas demonstra preocupação com avanço do coronavírus no Brasil

Autoridades lembram que região da América Latina é a mais desigual do mundo e vírus tem crescido em populações com menor renda

Por Paulo Beraldo
Atualização:

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) manifestou nesta terça-feira, 12, preocupação com o avanço dos casos de coronavírus na região das Américas, em especial o Brasil. O continente americano ultrapassou o europeu e, com 1,74 milhão de casos, é o epicentro da pandemia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). As mortes na região já ultrapassam 104 mil. 

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"Brasil tem um dos maiores números de casos hoje, tem transmissão comunitária, as fronteiras são porosas", afirmou Marcos Espinal, diretor do departamento de doenças transmissíveis e análise da saúde da Opas, braço da OMS nas Américas. "O Brasil é um País federal, os governadores dos Estados têm o poder de implementar medidas de contenção e mitigação. O aumento dos casos (de covid-19) no Brasil nos últimos dias é uma preocupação".

"Estamos profundamente preocupados com a rapidez com que a pandemia está se expandindo. Nossa região levou três meses para atingir 1 milhão de casos, mas menos de três semanas para quase o dobro desse número", afirmou a diretora-geral da Opas, Carissa Etienne. Na última semana, a região teve 266 mil novos casos e quase 20 mil mortes, aumento de 18% nos casos e de 23% nas mortes em comparação com a semana anterior.

Profissionais cuidam de paciente internado na enfermaria do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

"Vários países, incluindo alguns em nossa região, mostraram que o número de casos pode ser contido com forte vigilância e detecção, medidas de saúde pública coordenadas e ações preventivas, rastreamento de contatos e aumento da capacidade do sistema de saúde". Etienne lembrou que apenas quando os países tiverem a transmissão comunitária da covid-19 sob controle é que poderão implementar uma reabertura com forte planejamento. 

Espinal ressaltou que é importante que as medidas sejam implementadas e reforçadas em distintas partes do País. Lembrou que cidades como Manaus e Rio de Janeiro são chamadas 'hotspots', que necessitam mais atenção. "É preciso reforçar medidas de distanciamento social, aumento de provas diagnósticas, conscientizar a população. O Brasil tem uma ampla população que vive em nível de pobreza, que não tem amplo espaço." 

As autoridades lembraram ainda que a América Latina é a região mais desigual do mundo e que, nas últimas semanas, o vírus tem avançado sobre populações que têm baixa renda. A Opas destacou que o aumento do desemprego em toda a região já levou milhares de famílias à pobreza. "Prevê-se que mais de 29 milhões de pessoas vão estar abaixo da linha da pobreza, a maioria das quais serão mulheres". 

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) estima que a economia da região deve cair 5,3% este ano - a pior em 100 anos. Nesta terça, o diretor do Programa Mundial de Alimentos (WFP), agência humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que o Brasil está voltando ao Mapa da Fome devido ao avanço da extrema pobreza no País.

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