Operação com 16 palestinos mortos foi um "sucesso", diz Israel

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, "lamentou" as vítimas civis do ataque militar do Exército israelense contra a cidade de Khan Younis, definido por ele como "um sucesso". Ele aproveitou para anunciar novas ações contra a Faixa de Gaza. Apesar da onda de críticas internas e externas, Sharon não tem dúvida de que a sangrenta incursão israelense no sul de Gaza - na qual 16 palestinos morreram, a maioria civis, e outros 60 ficaram feridos nos arredores da mesquita de Al-Katiba quando um helicóptero Apache disparou um míssil contra a multidão - foi "um sucesso". "Tratou-se de uma operação complexa, difícil e importante", disse hoje Sharon sobre a ação. Numa conversa com o presidente de Israel, Moshe Katsav, Sharon "lamentou a morte de civis inocentes" pouco depois de o general Yisrael Ziv, comandante da divisão militar de Gaza, ter garantido que "todos os palestinos mortos eram milicianos armados, exceto dois". O líder oposicionista no Parlamento, Yossi Sarid, do Meretz, de esquerda, pediu a abertura de um inquérito para verificar a credibilidade das informações do general Ziv, desmentidas pelo próprio Shin Bet (serviço de segurança interna), segundo o qual apenas seis dos 16 mortos pertenciam a facções armadas. Enquanto os mais importantes jornais israelenses qualificavam a operação como "fracasso", assessores de Sharon já teriam informado aos Estados Unidos que uma "ação mais ampla" - aparentemente a reocupação da Faixa de Gaza e da Cisjordânia - "é apenas uma questão de tempo". A imprensa local não poupou críticas a ação militar no campo de refugiados. "Em Israel no ano de 2002, tudo pode ser explicado dizendo que eles, os terroristas, se escondem entre a população civil", disse o jornal Yediot Ahronot. "Quando uma unidade de nosso Exército entra na casa de um procurado e mata sua mãe, encolhemos os ombros. Quando uma operação para localizar terroristas termina sem nenhuma captura, mas com disparos de metralhadora contra uma mesquita, fica a única pergunta: o que dirão os norte-americanos?", disse o jornal. Fontes médicas palestinas informaram que o jovem Mahmud Jadallah al-Astal morreu hoje em virtude de disparos sofridos no edifício no qual se encontrava, transformando-se na 16ª vítima do ataque de ontem. Pouco antes havia morrido Mohames al-Astal, de 33 anos, um dos mais de 20 membros da família Al-Astal feridos na ofensiva israelense. Ainda nesta terça-feira, uma menina palestina de 12 anos foi assassinada por soldados israelenses em Rafah, na Faixa de Gaza. Enquanto isso, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o Hamas tentam negociar uma trégua após o assassinato do chefe da tropa de choque da polícia palestina e à posterior morte de quatro ativistas do movimento islâmico em choques com a polícia, que prosseguiam hoje. Na Cisjordânia, o cadáver de um palestino apareceu em um campo nos arredores de Tulkarem, aparentemente em decorrência de uma explosão. Nos arredores de Jerusalém e Nablus, um bebê de quatro meses e um menino de oito anos foram gravemente feridos por soldados israelenses. Um jovem de 17 anos foi alvejado no estômago em Jenin. O atual levante palestino começou em 28 de setembro de 2000, após uma visita do hoje primeiro-ministro Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas, um local sagrado para judeus e muçulmanos, para reivindicar a soberania de Israel sobre a área. Desde então, o conflito causou a morte de 1.901 pessoas no lado palestino e 615 no lado israelense.

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