Operação de Kiev mata cinco e Rússia responde com exercícios na fronteira

Moscou mobiliza forças terrestres e aéreas depois de autoridades ucranianas retomarem ação ‘antiterrorista’ contra as formações armadas ilegais no sudeste do país

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Por Redação
Atualização:

(Atualizada às 23h25)

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SLAVIANSK, UCRÂNIA - A Rússia iniciou exercícios militares perto da fronteira com a Ucrânia em resposta às operações das forças ucranianas contra os separatistas pró-Moscou que deixaram pelo menos cinco mortos na quinta-feira, 24. Testemunhas relataram mobilização de helicópteros de ataque russos na fronteira da Rússia com a Ucrânia.

Em Washington, o Pentágono criticou a decisão de Moscou, que envolve forças terrestres e aéreas. "O anúncio é exatamente o oposto do que temos pedido que façam, ou seja, reduzir as tensões", declarou o porta-voz do Departamento de Defesa, o coronel Steve Warren.

O governo russo pediu que os EUA obriguem os líderes interinos em Kiev a parar com a operação militar e a recolher suas unidades para as bases. Mas, em visita a Tóquio, no Japão, o presidente americano, Barack Obama, acenou para a possibilidade de novas sanções contra Moscou.

Sacerdote dá a bênção a ativistas pró-Rússia em barricadas em Donetsk (Foto: Baz Ratner/Reuters)

O governo da Ucrânia lançou nesta quinta uma nova operação contra milícias pró-Rússia na cidade de Slaviansk, no leste da Ucrânia. Ao menos cinco pessoas morreram e três postos de controle erguidos por separatistas foram destruídos por tropas especiais leais a Kiev. Em seguida, o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu as autoridades da Ucrânia de que as operações teriam "consequências".

"A operação punitiva terá claras consequências para as pessoas que tomaram essa decisão e também para as relações entre os dois Estados (Rússia e Ucrânia)", afirmou Putin.

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Segundo o ministério do Interior da Ucrânia, um policial ficou ferido nos combates em Slaviansk, a única baixa entre as forças de segurança. A cidade, com cerca de 120 mil habitantes, é o bastião da sublevação pró-Rússia contra o governo de Kiev, que eclodiu há quase três semanas nas regiões do leste da Ucrânia, cuja maioria da população fala russo.

O governo ucraniano anunciou, na quarta-feira, que retomaria a operação antiterrorista contra milícias armadas no leste do país. A decisão foi adotada pelo presidente interino da Ucrânia, Oleksandr Turchinov, depois de serem encontrados, em Slaviansk, o corpo do deputado da assembleia municipal de Gorlovka, Vladimir Ribak, que pertencia ao partido Batkivschina (Pátria), a maior formação da coalizão que governa o país.

Em entrevista à agência de notícias Interfax, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, disse que a operação ucraniana foi o "sinal verde" das autoridades de Kiev para o "uso da força contra civis".

"Se essa máquina militar não for detida, causará um maior número de mortos e feridos", declarou. Shoigu afirmou que batalhões de grupos táticos de distritos militares do sul e do oeste começariam os exercícios em regiões da Rússia que fazem fronteira com a Ucrânia.

A decisão, segundo Moscou, é também uma resposta às atividades militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na região. "A Força Aérea (russa) realizará voos para treinamento de manobras ao longo das fronteiras do país", disse o ministro.

Ataques

Dois moradores em áreas próximas da fronteira com a Ucrânia disseram à agência Reuters ter visto formações de helicópteros de ataque no ar.

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Um deles, que estava perto da cidade de Belgorod, a cerca de 25 quilômetros da fronteira, disse ter visto dez helicópteros indo em direção à cidade ucraniana de Kharkiv. Uma segunda testemunha, perto da aldeia de Valuyki, na região de Belgorod, também afirmou que ter visto dez helicópteros se afastando da fronteira. / NYT, REUTERS e AP

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