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Operação impediu 1ª tentativa do EI de criar 'estrutura operativa' na América do Sul, diz Espanha

Brasileiros tiveram contatos com membros do grupo jihadista na Síria, Afeganistão, Líbia e Turquia; além de manuais sobre como fabricar bombas, eles falaram em viajar para o Oriente Médio

Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - Autoridades da Espanha revelaram que os suspeitos terroristas detidos no Brasi faziam parte da "primeira tentativa conhecida do grupo Estado Islâmico de criar estruturas operativas na América do Sul". Alguns deles cogitaram ir ao Oriente Médio, enquanto mantinham contatos na região e recebiam manuais sobre como fabricar bombas. 

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Conforme antecipado pelo "Estado",o inquérito em Madri começou em 2016, quando os agentes do Serviço de Informação "localizaram vários grupos de usuários que compartilhavam conteúdos próximos ao jihadismo violento" Foto: REUTERS

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Em uma nota à imprensa emitida na manhã desta sexta-feira, 18, em Madri, a Guarda Civil confirmou as informações publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, apontando para a cooperação entre Espanha e Brasil, o que levou à prisão dos suspeitos no País

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"A investigação da Guarda Civil permitiu à Polícia Federal brasileira desarticular pela primeira vez uma estrutura do EI no Brasil dedicado ao recrutamento de jihadistas", disse. 

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Conforme antecipado pelo Estado, o inquérito em Madri começou em 2016, quando os agentes do Serviço de Informação "localizaram vários grupos de usuários que compartilhavam conteúdos próximos ao jihadismo violento".

"Esta infraestrutura de propaganda e radicalização do grupo terrorista EI estava integrada por usuários de diferentes países, entre os quais se encontravam cidadãos brasileiros”, afirmou a nota emitida nesta manhã. Segundo a policia espanhola, essa informação foi comunicada ao Brasil. 

O Estado apurou que existia uma triangulação de informações entre a Espanha, os suspeitos no Brasil e elementos de alto perigo na Síria. Os brasileiros, porém, jamais viajaram ao território sírio e foram treinados à distância. "As investigações levadas a cabo pelas autoridades brasileiras permitiram constatar os contatos de alguns dos detidos com simpatizantes e membros do mencionado grupo terrorista na Síria (Província de Idlib), Turquia, Líbia e Afeganistão", informou.

"Durante esta operação, a Guarda Civil propiciou a localização e a desarticulação do que é, até agora, a primeira tentativa conhecida do grupo terrorista EI de criar estruturas operativas na América do Sul", apontou. 

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No total, 16 pessoas foram inicialmente detidas. Entre elas, três menores de idade e uma mulher. A suspeita é de que eles "formavam uma organização criminosa, a favor do grupo terrorista EI, com a finalidade de recrutar jihadistas para criar uma estrutura e cometer atentados no Brasil". 

Os usuários de diferentes redes sociais tinham acesso a "propaganda próxima ao jihadismo violento das diferentes plataformas midiáticas do EI, como a agência Amaq ou a radio Al Bayan". De acordo com os espanhóis, os recrutas vinham de meios "desfavorecidos", eram menores de idade e alguns estavam em "estado de especial vulnerabilidade por apresentar algum tipo de transtorno mental".

Nas conversas, os suspeitos ainda "trocavam informação sobre a forma de obter vistos para viajar aos países do Oriente Médio com o objetivo de se unir a algum grupo terrorista, assim como manuais de 'guerrilha' e sobre a fabricação de explosivos".

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Os espanhóis confirmaram que havia dois alvos: eventos esportivos e o carnaval. Foram obtidos "elementos e evidências que identificavam cenários vulneráveis para cometer atentados armados em espaços públicos". 

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Futuro

Para a Espanha, o fato de tal operação estar sendo montada na América do Sul revela "a necessidade de manter a cooperação internacional na luta contra o terrorismo, sobretudo na internet, seu meio de comunicação 'preferido'".

De acordo com a Guarda Civil, a situação de perda de território dos terroristas na Síria faz com que sua estratégia de difusão de propaganda e novos recrutas ocorra principalmente pela internet. "A informação obtida pelas autoridades brasileiras servirá igualmente para que os agentes do Serviço de Informação da Guarda Civil continuem desenvolvendo seu trabalho de 'ciberpatrulha'." 

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