Oposição a Evo ameaça cortar gás para o Brasil

Departamentos rejeitam referendo e exigem autonomia; acesso a campo da Petrobrás continua bloqueado

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Por AP e EFE E REUTERS
Atualização:

A oposição regional na Bolívia anunciou ontem que radicalizará os protestos contra o governo e "não se responsabilizará" se as exportações de gás natural para a Argentina e o Brasil forem interrompidas, em rejeição à convocação do referendo sobre o nova Constituição feita pelo presidente Evo Morales. O anúncio foi feito em comunicado emitido por líderes opositores de cinco Departamentos (Estados) após uma reunião na cidade de Santa Cruz. "Alertamos que não nos responsabilizamos por qualquer ação que impeça o bombeamento de hidrocarbonetos para o exterior", diz a nota, na qual governadores e presidentes dos comitês cívicos anunciam que pretendem bloquear estradas nas cinco regiões opositoras. No mês passado, vários líderes da região do Chaco haviam anunciado a tomada de gasodutos e campos de extração de hidrocarbonetos. Ontem, pelo terceiro dia consecutivo, as estradas de acesso ao campo de San Andrés, operado pela brasileira Petrobrás, amanheceram bloqueadas por grupos opositores. Na cidade de Trinidad, no Departamento opositor de Beni, um grupo entrou em choque com o Exército ao tentar tomar à força o escritório da Agência de Impostos Nacionais. Os manifestantes atacaram o edifício com pedras, paus e coquetéis molotov e os militares responderam com gás lacrimogêneo. Segundo fontes oficiais, um militar ficou ferido ao ser atingido por uma bomba. Além de protestar contra o novo projeto de Constituição que Evo quer levar a referendo, as manifestações têm como objetivo exigir o reconhecimento das autonomias regionais, aprovadas em consultas populares nos Departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando. Além disso, os opositores exigem que o governo lhes restitua parte dos impostos sobre os hidrocarbonetos que eram repassados aos governos locais e foram confiscados em janeiro para financiar uma pensão para idosos. REFERENDO O governo prometeu realizar a consulta sobre a nova Carta no dia 7 de dezembro. Na segunda-feira, porém, a Corte Nacional Eleitoral do país declarou o referendo ilegal porque a consulta não foi convocada pelo Congresso, como manda a lei, mas sim por decreto presidencial. Apesar de Evo inicialmente ter rejeitado a decisão do tribunal, o vice-presidente, Álvaro Garcia Linera, anunciou ontem que o governo concorda em convocar a consulta por meio do Legislativo. A nova Carta amplia o controle estatal sobre a economia, dá mais direitos e poderes aos indígenas bolivianos e permite a reeleição presidencial.

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