O opositor Partido Congresso de Todos os Progressistas (APC, na sigla em inglês) no Estado de Rivers acusou simpatizantes do presidente Goodluck Jonathan de estar por trás dos assassinatos de seus aliados e denunciou que a eleição no Estado foi uma "farsa".
A rejeição da votação em Rivers - centro da maior indústria petrolífera da África - levou ao temor de que se repita a onda de violência desencadeada após a última eleição, em 2011.
Centenas de manifestantes protestavam do lado de fora do escritório central da comissão eleitoral (Inec) em Port Harcourt, observados por dezenas de policiais. O senador Magnus Abe acusou o partido governista de intimidação. "Não houve eleição em Rivers", disse à Reuters o fiscal de apuração Achinike William-Wobodo, pedindo uma nova votação.
Em um sinal de que a oposição contestará os resultados em outros locais, o governador do Estado meridional de Imo, Rochas Okorocha, (do APC), denunciou na televisão a condução do pleito em sua região e acusou os militares de interferir nos resultados.
Kano e Kaduna, as cidades do norte mais atingidas pela violência em 2001, estavam calmas.
A votação do sábado foi prolongada até ontem em um número relativamente pequeno de seções eleitorais depois que problemas técnicos afetaram máquinas de identificação dos cartões de votação.
A eleição opõe Jonathan ao ex-dirigente militar Muhammadu Buhari na briga por um eleitorado dividido por etnias, disputas territoriais e religiosas na nação mais populosa da África. Além disso, trata-se da primeira vez desde o fim do regime militar, em 1999, que um opositor tem sérias possibilidades de desbancar o atual presidente.
O APC de Buhari reportou violência no Estado de Rivers e a atribuiu a "milícias armadas" apoiadas pelo Partido Democrático Popular (PDP) de Jonathan. "Qualquer lixo anunciado como resultado da eleição de hoje não será aceitável para nós", concluiu o APC. "Uma farsa e um embuste."
Extremistas do grupo radical islâmico Boko Haram mataram ao menos 41 pessoas entre sábado e ontem e lançaram vários ataques a eleitores no nordeste. Somente no Estado de Kobe, três pessoas morreram, enquanto nos arredores de Gombe 11 foram mortas, incluindo um candidato parlamentar de oposição. Outras duas pessoas foram mortas a tiros em Port Harcourt, cidade com um longo histórico de violência política.
Os militantes do Boko Haram buscam estabelecer um califado islâmico e rejeitam a votação como ferramenta de sistema democrático. Diante de uma série de vitórias dos soldados da Nigéria e dos vizinhos Chade, Camarões e Níger, boa parte do território antes controlado pelos radicais foi recuperada no começo do ano, mas o grupo ainda conserva a capacidade de orquestrar ataques contra civis.
Problemas técnicos.
A votação do fim de semana foi prejudicada também por problemas técnicos, desde o início do sábado, quando funcionários chegaram atrasados e algumas máquinas leitoras de cartões biométricos, adotadas para evitar fraudes como as de eleições anteriores, não funcionaram.
O porta-voz da comissão eleitoral Kayode Odowu afirmou que apenas 350 seções eleitorais de 120 mil ainda estavam votando. "Não se pode dizer que isso é muito considerável", disse, acrescentando que os resultados seriam computados até 48 horas depois do encerramento da votação. "Quem anunciar resultados antes da comissão estará violando a lei", acrescentou.
O comparecimento parece ter sido alto, com até 56,7 milhões de eleitores. Mas poderá levar algum tempo para processar os resultados.
Buhari e Jonathan pediram calma e assinaram um "acordo de paz" às vésperas da eleição, mas muitos temem uma repetição da violência de 2011, quando Jonathan derrotou Buhari.
"O perigo é a pós-eleição" disse o ex-presidente do Malawi, Bakili Muluzi, que chefia uma missão de observação da Comunidade Britânica. "Fomos tranquilizados pelo acordo de paz entre os líderes, mas o perigo está nas camadas inferiores."
/ REUTERS