PUBLICIDADE

Oposição boicota eleição presidencial na Turquia

Deputados não compareceram à votação para impedir que quorum fosse atingido

Por Agencia Estado
Atualização:

O candidato da situação à Presidência da Turquia não conseguiu votos suficientes para se eleger no Parlamento nesta sexta-feira, 27, após um boicote da oposição. O representante do Partido de Justiça e Desenvolvimento (AKP) e atual ministro de Exteriores, Abdullah Gül, braço direito do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, recebeu apoio de 357 dos 361 deputados que votaram na Câmara. O chefe de Estado turco é eleito pelo Parlamento, que possui 550 cadeiras, em um processo de quatro turnos. Segundo a Constituição do país, nas duas primeiras rodadas são necessários dois terços dos votos (367), enquanto no terceiro uma maioria absoluta simples (276) é suficiente. O Partido Republicano do Povo (CHP), entrou com um recurso no Tribunal Constitucional para que a corte decida se é legal começar a votação sem a presença de pelo menos dois terços dos deputados na Câmara. Para boicotar a eleição, o CHP e outros partidos de oposição não entraram no plenário. No entanto, o AKP alega que o número de deputados presentes foi, no final, de 368, pois incluiu na lista alguns representantes do CHP que entraram na sala só para presenciar o processo. Ao mesmo tempo, os aliados de Gül afirmam que a presença de 184 deputados era suficiente para começar a votação, o CHP sustenta que este número seria de 367, não só para escolher o presidente no primeiro ou segundo turno, mas como quorum mínimo necessário para iniciar o processo eleitoral. O primeiro-ministro criticou a oposição pelo boicote, horas antes da eleição, chamando todos legisladores para participarem. "Podemos ser membros de diferentes partidos, mas somos um só povo", disse Erdogan. O Tribunal Constitucional deve decidir rapidamente, antes do segundo turno da eleição presidencial, previsto para o dia 2 de maio. Tensões A eleição tem sido marcada por tensões entre o governo, de raízes islâmicas, e defensores dois ideais seculares da Turquia. Observadores políticos advertiram de que é a primeira vez na história da Turquia que o Tribunal Constitucional intervém em um processo eleitoral, fato que, em sua opinião, prejudicará muito a imagem do presidente que for eleito. Os analistas locais acreditam que este é um sintoma de uma profunda crise política e da divisão entre "laicos", liderados pelo Exército, e "islamitas", os mais moderados, encabeçados pelo AKP. Há duas semanas, milhares de manifestantes se reuniram em uma praça de Ancara para protestar contra a possível candidatura do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, à Presidência, e defender os princípios laicos do Estado. Para domingo, os partidos laicos anunciaram uma nova manifestação em Istambul para protestar contra a possibilidade de ter um presidente islamita.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.