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Oposição contesta eleição e pede novo pleito na Nigéria

Os dois principais candidatos que concorrem com o governista pela chefia do maior produtor de petróleo da África criticaram a maneira como a votação foi conduzida

Por Agencia Estado
Atualização:

As eleições nigerianas de sábado, 21, foram criticadas pelos dois principais partidos de oposição, assim como pelo principal grupo de monitoramento eleitoral do país. Uma das agremiações informou que entrará na justiça para cancelar o pleito, enquanto o presidente do Grupo de Monitoramento da Transição, Innocent Chukwuma, declarou que a votação foi tão fraudada que deveria ser realizada de novo. Além do baixo comparecimento, a eleição foi marcada pela falta de cédulas em redutos da oposição e tentativas de intimidação por grupos armados e milicianos claramente favoráveis ao partido governista do presidente Olusegun Obasanjo, que não concorre à reeleição. No estado de Nassarawa, no centro do país e não muito distante da capital Abuja, policiais que escoltavam autoridades eleitorais que transportavam as cédulas foram mortos em uma emboscada. "Em muitas partes do país as eleições não começaram a tempo ou simplesmente não ocorreram", disse Chukwuma em entrevista Reuters. Ele argumentou que um vencedor não deve ser anunciado com base em resultados de apenas metade do país. "Parte da votação ocorreu, mas não houve eleição", disse Abba Kyari, um porta-vos do partido do general Muhammadu Buhari, considerado um dos dois principais candidatos da oposição. Já no partido do vice-presidente Atiku Abubakar, que rompeu com Obasanjo e concorre ao cargo máximo do país, lideranças informaram que entrarão com uma ação na Justiça para contestar os resultados. A votação de sábado não foi "de forma alguma livre e justa. Acreditamos que muitas falsificações foram feitas", disse o porta-voz de Abubakar, Lai Mohammed. Nenhuma autoridade eleitoral comentou as eleições de neste domingo, 22. Passo à democracia No sábado, o presidente da Comissão Eleitoral, Maurice Iwu, admitiu a ocorrência de alguns problemas, incluindo em uma grande porção do sudoeste do país, onde a votação começou mais tarde do que o previsto ou simplesmente não ocorreu. Ele destacou, entretanto, que as eleições transcorreram "sem solavancos, apesar de alguns problemas". Já Obasanjo comemorou as eleições como um grande passo da Nigéria rumo à democracia. Apesar da desordem e confusão em muitos colégios eleitorais, houve poucos informes sobre episódios de violência generalizada, ao contrário do que ocorreu no período pré-eleitoral. Para alguns observadores, isso pode ser um sinal de que o maior produtor de petróleo da África poderá ter a primeira transição democrática em sua curta história de 47 anos. Mas caso a oposição mantenha a promessa de rejeitar a votação, uma eventual vitória do partido governista poderá resultar em confrontos entre grandes segmentos da população do país, de 140 milhões de habitantes. Mortes Segundo o jornal local Vanguard, ao menos 16 policiais foram mortos durante as eleições. O número inclui sete vitimados por um acidente rodoviário. Há uma semana, durante as eleições estaduais, o diário reportou a ocorrência de 50 mortes por causa da violência desencadeada pelas denúncias de fraude. A competição pelos ganhos provenientes da indústria do petróleo fazem do assento presidencial um alvo de grande - e muitas vezes violenta - cobiça. Dezenas de pessoas morreram durante a campanha pré-eleitoral, e a violência continuou ao longo do sábado, que além dos tiroteios foi marcado por um ataque com caminhão tanque contra o centro da Comissão Eleitoral em Abuja. A explosão falhou, e ninguém ficou ferido.

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