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Oposição convoca novos protestos contra governo militar do Sudão

Grupo rejeita o plano de realização de eleições em nove meses, cancelando assim um acordo com manifestantes que exigem votação imediata para substituir o ditador Omar Bashir, deposto em abril

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Por Redação
Atualização:

CARTUM - O movimento de protesto no Sudão convocou nesta terça-feira, 4, novas manifestações contra militares que governam o país. O grupo rejeitou o anúncio feito pelo governo local de que eleições só ocorrerão no país em nove meses, cancelando assim um acordo com manifestantes que exigem votação imediata para substituir o ditador Omar Bashir, deposto em abril. A decisão foi anunciada após cerca de 35 pessoas serem mortas na operação de dissolução de um acampamento de oposicionistas instalado à frente da sede das Forças Armadas do Sudão. Líderes do protesto pedem a total desobediência civil à Junta Militar.

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O Conselho Militar de Transição destituiu Bashir em abril, após meses de protestos contra seu regime autoritário, e acertou um período de transição de três anos para uma administração civil. Mas o general Abdel Fatah Burhan anunciou, em um comunicado televisionado, que o plano havia sido abandonado, e que as eleições se realizariam sob "supervisão regional e internacional".

"O conselho militar decide: cancelar o contrato e parar de negociar com a Aliança para a Liberdade e Mudança, e convocar eleições gerais em um período não superior a nove meses", disse Burhan.

Operação de forças de segurança do Sudão em acampamento de manifestantes contrário ao governo sudanês deixou 13 mortos Foto: AP Photo

A Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA), que liderou os protestos contra Bashir, rejeitou a convocação para as eleições. "Não são os líderes do golpe, nem suas milícias, nem seus líderes que decidirão o destino do povo, nem como será feita a transição para um governo civil", advertiu a SPA.

À frente do Sudão por quase 30 anos, Bashir foi deposto e preso pelo Exército em 11 de abril, sob a pressão de um movimento sem precedentes desencadeada em 19 de dezembro por decisão das autoridades de triplicar o preço do pão em um país minado por uma grave crise econômica.

Apelo a vizinhos por não interferência

A Aliança Democrática de Advogados pediu nesta terça que "alguns países árabes" não interferiram nos assuntos sudaneses e parem de apoiar o conselho militar. Os comentários da aliança são voltados para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito.

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"Pedimos que alguns países árabes levantem as mãos do Sudão e parar de apoiar o Conselho Militar e consolidar os pilares de seu governo com o objetivo de preservá-lo e proteger seus próprios interesses que são prejudiciais ao Estado sudanês e seus cidadãos", disse a aliança, que faz parte da Associação de Profissionais do Sudão.

Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita prometeram US$ 3 bilhões em apoio financeiro e material ao Sudão no final de abril. O chefe do Conselho Militar de Transição Abdel Fattah Burhan e seu vice Mohamed Hamdan Dagalo tem laços com os dois países através da participação de tropas sudanesas na coalizão liderada pela Arábia Saudita na guerra civil do Iêmen. Burhan visitou os Emirados Árabes Unidos e Egito no mês passado e Dagalo, a Arábia Saudita em maio. / AFP e REUTERS

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