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Oposição do Iêmen alerta para 'guerra civil'

Confrontos em várias cidades iemenitas entre forças do regime e tribos dissidentes deixam 28 mortos; EUA retiram diplomatas

Por AP
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Em meio a uma assustadora escalada na violência, combates no Iêmen entre opositores e forças leais ao presidente Ali Abdullah Saleh deixaram ontem pelo menos 28 mortos. Nos últimos quatro dias, o número de iemenitas assassinados teria passado de 110. Uma coalizão de forças tribais que se opõem ao presidente deu um ultimato e anunciou que, caso Saleh não deixe o poder imediatamente, o Iêmen enfrentará uma "guerra civil".O descontrole nas ruas da capital, Sanaa, em Áden e várias outras cidades iemenitas fez o Departamento de Estado dos EUA ordenar a retirada de todo o pessoal diplomático americano "não essencial". Medida semelhante foi tomada pela Grã-Bretanha, enquanto Alemanha e França alertaram turistas a não viajar ao país árabe.O ultimato da coalizão opositora - liderada pela maior tribo iemenita - demonstraria que forças antirregime estão convencidas de que podem derrotar Saleh. Mas o presidente já havia garantido na quarta-feira que "lutaria até o fim" para cumprir o restante de seu mandato, que se encerrará em 2012. Saleh está no poder há 32 anos.Segundo relatos, soldados do regime abriram fogo com peças de artilharia e granadas de morteiro contra manifestantes nos arredores da capital. Milhares de civis teriam tentado abandonar Sanaa ou se esconder em porões em busca de proteção.No Iêmen, líderes tribais têm direito a ordenar a seus respectivos clãs que obedeçam suas ordens diretas acima de qualquer outra autoridade. Dessa forma, vários militares teriam desertado sob comando dos chefes de sua tribo.Ampliação. Sadeq al-Ahmar, líder do maior clã do Iêmen, os hashid, afirmou que Saleh não tem mais opções e, caso não abandone o poder, "arrastará o país para a guerra civil".A mais recente onda de violência no Iêmen teve início na segunda-feira, depois que tropas de Saleh tentaram invadir o complexo de Al-Ahmar, no centro de Sanaa. Ontem, os combates já chegavam até a região do aeroporto, na periferia da capital.O Iêmen é hoje o principal reduto da Al-Qaeda no Oriente Médio. Mas, até agora, não há indícios de que militantes da rede terrorista estejam participando dos distúrbios.O governo americano voltou a expressar preocupação com a instabilidade no país. "Condenamos a violência contra manifestantes", afirmou Ben Rhodes, integrante do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca.Ele enfatizou que o presidente iemenita deve aceitar o acordo proposto pelo Conselho de Cooperação do Golfo, grupo de países árabes que tenta mediar a crise. Segundo a proposta, Saleh deixaria o poder em benefício de um conselho tribal e receberia anistia.O chanceler da Grã-Bretanha, William Hague, afirmou ontem que estava "chocado com os relatos de mortes em Sanaa". Catherine Ashton, número 1 da diplomacia europeia, também condenou a violência.

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