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Oposição encerra campanha e acusa chavismo de fraude

Membros da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática dizem que eleição de domingo será a ‘mais suja dos últimos 17 anos’

Por Felipe Corazza e CARACAS
Atualização:
  Foto: Ariana Cubillos | AP

A coalizão de oposição venezuelana Mesa da Unidade Democrática (MUD) encerrou nesta quinta-feira sua campanha para a eleição legislativa de domingo com um ato em Caracas e acusando o governo de ter realizado a campanha “mais suja dos últimos 17 anos”. Antes do comício, o secretário-geral da MUD, Jesús “Chuo” Torrealba, apresentou uma avaliação geral do processo feito pelo grupo opositor.

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O principal ponto de discórdia foi o surgimento, nas cédulas eleitorais, do partido MIN-Unidade, criado a toque de caixa e sem identificação clara de seus integrantes. Nas ruas próximas ao local do comício, militantes distribuíam modelos da cédula eleitoral enquanto riscavam à mão os “partidos falsos”, segundo os ativistas. A MUD briga para que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) casse o registro de pelo menos uma das legendas criadas para a eleição de domingo.

O grupo registrou o nome e adotou as mesmas cores para sua marca na cédula. A posição definida pelo CNE foi exatamente ao lado da MUD e o comando da coalizão criou uma ação dentro da campanha para evitar que eleitores se equivoquem e votem na legenda errada. Na quarta-feira, o deputado opositor Ismael Garcia divulgou imagens de um cartaz do MIN-Unidade com sua foto no Estado de Aragua.

O partido registrou como candidato no Circuito 3 da região um “Ismael Garcia Calero”. A MUD questiona até mesmo a existência do candidato e pede que o CNE reaja, no mínimo, exigindo que o partido apresente o postulante para provar sua identidade. O secretário-geral da MUD disse que o episódio é “fraude eleitoral”.

A resposta do CNE tem sido de que está avaliando os pedidos da coalizão. Enquanto isso, militantes riscam com pincéis atômicos os modelos de cédula para orientar eleitores. No processo de votação, a cédula completa é exibida diante da urna eletrônica. O eleitor, então, escolhe as posições em que vai votar, pressiona a cédula e o computador registra o voto.

Ainda nesta quinta-feira, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, também encerrou a campanha de sua coalizão Grande Polo Patriótico com mais uma promessa de “ir para a briga” contra a MUD. Diante de milhares de militantes, ele manteve a motivação do grupo na reta final da campanha, enquanto pesquisas mostram vantagem para os opositores.

Em comício na Avenida Bolívar, em Caracas, Maduro disse que foi feita uma “campanha fulminante” e afirmou que uma vitória da oposição levaria ao fim dos programas sociais do chavismo. “Nos Estados governados pela oposição, os universitários perderam o semestre por capricho da direita”, afirmou, acusando protestos contra o governo de interromper o período letivo.

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O chavismo voltou a provocar ontem críticas da oposição pelo uso da máquina pública. Antes do comício, ônibus e caminhões da estatal PDVSA transportavam militantes e distribuíam lanches e água aos presentes ao comício. Funcionários da empresa, muitos usando seus crachás, foram dispensados do serviço para participar do ato.

Um deles, com “mais de 30 anos” de empresa, disse à reportagem que estava ali para “defender as conquistas” do governo. “Um líder como Chávez nasce uma vez a cada cem anos. Não é sempre. Mesmo com a queda no preço do petróleo, os investimentos nas missões (programas) sociais continuam.”

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