Oposição obstrui voto sobre reeleição de Uribe

Senado suspende votação para terça-feira; emenda autorizaria referendo e abriria caminho para 3.º mandato do presidente, cuja aprovação é de 68%

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Por EFE E AFP
Atualização:

O Senado colombiano adiou para terça-feira a votação de uma proposta de referendo que abre caminho para que o presidente Álvaro Uribe possa se reeleger pela segunda vez em 2010, depois que aliados do chefe de Estado não conseguiram obter os 52 votos necessários para aprovar a medida. Pela proposta, uma emenda constitucional ampliando de dois para três o número máximo de mandatos consecutivos de um presidente deve ser levada a consulta popular. A votação no Senado é a última pela qual o projeto deve passar no Legislativo, e, se aprovado, ele só poderá ser barrado pela Corte Constitucional. Como a maior parte dos senadores é aliada de Uribe, não havia muitas dúvidas de que a proposta seria aprovada. No entanto, senadores de oposição iniciaram uma manobra de obstrução, alongando o debate e levando o presidente do Senado, o governista Hernán Andrade, a suspender a votação. A oposição, que tem 33 das 102 cadeiras do Senado, havia feito ontem um chamado à abstenção, na esperança de que a falta de quórum levasse a um adiamento da votação. "Os governistas contam com os votos necessários para aprovar o referendo, mas nós podemos, em protesto, nos abster da votação, pois a concentração de poder (neste governo) está se tornando insuportável", disse o porta-voz do Partido Liberal no Senado, Héctor Rojas, antes do início da votação. No poder desde 2002, Uribe nunca se pronunciou abertamente a favor do terceiro mandato, mas tampouco descartou a possibilidade. Também não desestimulou seus partidários quando eles lançaram a campanha pela mudança constitucional que permitirá a segunda reeleição. Além disso, o ministro do Interior, Fabio Valencia, chegou a manifestar o apoio do governo à convocação da consulta popular sobre o tema. Uribe foi eleito pela primeira vez há sete anos, com 62% dos votos. Em 2003, a população rejeitou a primeira reeleição em uma consulta popular. O presidente só conseguiu aprová-la por meio de uma emenda constitucional no Legislativo. Desde então, vem mantendo altos índices de popularidade graças ao relativo sucesso da guerra às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Sua aprovação chegou a 91% em julho, após o resgate da ex-senadora Ingrid Betancourt, que por seis anos foi refém das Farc. Recentemente, caiu para 68% por causa de escândalos de corrupção, improbidade administrativa e violações dos direitos humanos cometidas por membros do governo. Ontem, em meio a um escândalo de escutas ilegais, agentes de inteligência disseram à rádio La FM que candidatos e pré-candidatos às eleições presidenciais de 2006 foram espionados pela inteligência colombiana. O Legislativo também começou a debater as acusações de tráfico de influência feitas contra os filhos de Uribe. Tomás e Jerónimo são acusados de comprar terras na localidade de Mosquera tendo informação privilegiada de que lá seria criada uma zona franca. RUMO AO 3.º MANDATO Abaixo-assinado - Aliados de Uribe recolhem assinaturas para pedir que Congresso vote projeto de referendo sobre 3.º mandato Legislativo - Projeto passa por quatro votações Judiciário - Corte Constitucional pode vetar a consulta antes de ela ser convocada Referendo - Se o "sim" vencer, Uribe poderá se candidatar novamente em 2010

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