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Polícia venezuelana reprime nova marcha da oposição contra Maduro

Forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água para impedir que os manifestantes contrários ao presidente venezuelano cheguem ao centro da capital; apoiadores do chavismo se reúnem nos arredores do Palácio Presidencial de Miraflores

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - Agentes da polícia antimotim da Venezuela usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha para impedir o avanço nesta quarta-feira, 26, de manifestantes contrários ao presidente Nicolás Maduro que tentavam chegar ao centro de Caracas. Em mais um episódio de violência desde a intensificação das marchas contra o líder bolivariano, os opositores lançaram pedras contra as autoridades.

As Forças de Segurança também utilizaram jatos de água para tentar dispersar o grupo de jovens que, com rostos cobertos com panos e máscaras antigases, tentavam transpor a barreira na autopista Francisco Fajardo - principal via rápida de Caracas, que liga as zonas leste e oeste da capital.

Manifestante protesta em Caracas contra o presidente Nicolás Maduro Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

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"Temos que marchar e seguir. Quem ficar em casa perderá. Continuaremos aqui todos os dias", disse Andrés González, um estudante de 20 anos que usava um capacete e uma máscara antiga. Alguns jovens também gritavam gritos como "Quem somos? A Venezuela. O que queremos? Liberdade" e "Urgente, Urgente... Um novo presidente".

Milhares de opositores se mobilizaram nesta quarta em Caracas e em outras cidades do país para exigir eleições gerais antecipadas e a saída de Maduro do poder. Eles pretendiam exigir que o defensor do povo, Tarek William Saab, ative um processo de destituição dos magistrados do TSJ ou o considerarão cúmplice do que chamam de "golpe de Estado".

Desde que os protestos começaram, em 1º de abril, foram registrados confrontos entre forças de segurança e manifestantes, distúrbios, saques e tiroteios de grupos de encapuzados, que segundo a Procuradoria deixaram 26 mortos, embora Maduro fale de 29 vítimas.

Contingentes policiais e militares estão mobilizados desde cedo, com veículos e outros equipamentos antimotins, nos acessos a estradas de diferentes setores de Caracas, enquanto todas as estações de metrô estão fechadas, o que provocou engarrafamentos e dificuldades de transporte para quem tenta ir trabalhar.

"Vamos resistir, vamos persistir, não vamos nos render", manifestou o líder opositor Henrique Capriles ao acusar o governo de uma "repressão selvagem" das manifestações.

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No centro da cidade, os apoiadores do chavismo também se reuniram em uma manifestação de apoio ao presidente. Eles estão concentrados nos arredores do Palácio Presidencial de Miraflores, onde esperavam a presença de Maduro.

"Vamos derrotar a guarimba (protesto violento) e o golpe de Estado", disse na noite de terça-feira o presidente bolivariano, que acusa os líderes opositores de "terrorismo", ao convocar a "juventude revolucionária" a marchar "em defesa da paz".

Maduro, cujo mandato termina em janeiro de 2019, afirma que seus adversários têm um plano apoiado pelos Estados Unidos para derrubá-lo e propiciar uma intervenção estrangeira. Enquanto isso, a oposição qualifica o governo como uma "ditadura" e vê como única saída para a profunda crise política e econômica do país petrolífero a saída de Maduro do poder.

Simpatizantes do chavismo participam de manifestação convocada pelo presidente Nicolás Maduro e pedem o fim do 'terrorismo da direita' Foto: EFE/CRISTIAN HERNANDEZ

Mais de 70% dos venezuelanos, segundo pesquisas privadas, reprovam a gestão de Maduro, cansados da escassez de alimentos e remédios, e de uma inflação que segundo o FMI chegará a 720,5% neste ano - a mais alta do mundo.

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Pressão internacional. A tensão na Venezuela segue causando preocupação. A Organização dos Estados Americanos (OEA), cujo secretário-geral Luis Almagro chama Maduro de ditador, se reúne nesta quarta-feira para discutir um possível encontro de chanceleres para tratar da crise no país caribenho.

A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, advertiu que se for realizada uma reunião de chanceleres, a Venezuela iniciará "o procedimento de retirada" da OEA. A pedido de Caracas, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) convocou uma reunião extraordinária para o dia 2 de maio.

Os protestos explodiram depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de servir ao chavismo, assumiu no fim de março as funções do Parlamento, único dos poderes que a oposição controla, mas recuou pela forte crítica internacional.

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A Anistia Internacional pediu nesta quarta-feira que o governo pare com a perseguição e com as detenções arbitrárias contra os opositores, enquanto a ONG Repórteres Sem Fronteiras publicou seu relatório sobre ameaças à imprensa, no qual situa a Venezuela na posição 137. / AFP