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Oposição venezuelana pressiona por mais concessões do chavismo

Capriles diz que Leopoldo López tem de ser solto e presidente do Parlamento diz que nos próximos dias devem ocorrer anúncios relevantes

Atualização:

CARACAS - Um dia depois de cancelar a marcha contra o presidente Nicolás Maduro marcada para esta quarta-feira, 2, para estimular as negociações intermediadas pelo Vaticano com o chavismo, a oposição venezuelana aumentoua pressão pela libertação do líder do partido Voluntad Popular Leopoldo López, preso desde 2014 e criticou o chavismo por tentar isolar o partido no processo de diálogo. 

O governador de Miranda, Henrique Capriles, e a mulher de López, Lilian Tintori, pediram a libertação do ex-prefeito de Chacao e uma prova de que ele esteja vivo e em boas condições de saúde no presídio de Ramo Verde, onde cumpre pena de 14 anos de prisão. 

O líder opositor Leopoldo López fala a simpatizantes antes de se entregar à polícia, no dia 18 de fevereiro de 2014 Foto: REUTERS/Jorge Silva

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A oposição pede que o chavismo cumpra o previsto nas negociações intermediadas pelo Vaticano e ameaça abandonar o diálogo caso perceba que o governo quer apenas ganhar tempo com o processo. 

“Em horas saberemos se há ou não diálogo e se será cumprido o que falamos com a Igreja”, disse Capriles ao canal de TV Globovisión. “Leopoldo vai sair da cadeia. Esse é o último ano que ele passa preso. A maioria dos opositores presos é do partido dele.”

O governador não deixou claro se a libertação de López está entre as reivindicações da MUD na mesa de negociações, mas outro líder opositor, o presidente da Assembleia Nacional Henry Ramos Allup, também afirmou que o sucesso das negociações depende de "anúncios importantes a serem feitos nos próximos dias”. “Temos que ter um sentido prático da política. Não há o que exigir nem responder”, disse. “Com apenas a possibilidade de diálogo já há os que querem sabotá-lo.”

Mulher de López, Lilian Tintori pediu que o chavismo dê uma "prova" de que o marido esteja bem. “Maduro, desse uma prova de que Leopoldo esteja vivo até as 8h da noite de ” hoje (ontem), disse a ativista. “Desde sexta-feira ele está isolado e não temos nenhuma informação. Não me deixam entrar, nem ninguém da família e nem os advogados.”

No que chamou de sinal de boa fé, o chavismo libertou na terça-feira cinco opositores, mas, ao longo do dia, ameaças feitas por Maduro ao coordenador do Voluntad Popular, Freddy Guevara, provocaram irritação da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD). 

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“Maduro, com sua agressão ao Vontade Popular, com sua tentativa de dividir os democratas venezuelanos, está dando um soco na mesa”, disse o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba, em seu programa de rádio transmitido na emissora privada RCR.

Maduro declarou na madrugada de ontem que o Voluntad Popular é "terrorista" e pediu aos tribunais que tomem medidas contra a organização e contra seu coordenador encarregado. O partido decidiu não participar do processo de diálogo com o governo que começou no domingo passado em Caracas com o apoio do Vaticano e mediadores internacionais. O partido também criticou que tenham sido suspensas as ações que a oposição tinha proposto contra o governo.

Torrealba destacou que a MUD está composta por partidos que têm visões distintas, mas mantêm uma estratégia comum que inscreve-se na democracia. “Maduro está traindo a palavra empenhada perante o papa Francisco ao tentar esta agressão descomunal”, afirmou. / EFE e AFP

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