
17 de março de 2010 | 00h00
SANTA CLARA, CUBA
O dissidente cubano Guillermo Fariñas completou ontem 21 dias de greve de fome e reconheceu que seu corpo não aguentará muito mais tempo caso siga com o jejum. Mesmo assim, o opositor garantiu que continuará com seu protesto depois que receber alta do hospital.
"Eu vou morrer com minhas ideias, é uma oportunidade histórica que não deixarei passar", disse Fariñas. "Ao morrer, estou demonstrando ao governo (cubano) que ele tem de se conter conosco porque estamos dispostos a ir até as últimas consequências."
O jornalista e psicólogo, de 48 anos, iniciou sua greve de fome no dia 24 para pedir a libertação de 26 presos políticos que estão doentes (mais informações nesta página). O jejum também é uma forma de protesto contra a morte de Orlando Zapata Tamayo, preso político que morreu no fim de fevereiro após passar 85 dias em greve de fome.
Esta é a 23.ª greve de fome realizada por Fariñas, que foi internado na semana passada após sofrer seu segundo colapso no mês. Desde que foi hospitalizado, o dissidente é alimentado por via intravenosa e recebe cuidado constante de médicos do sistema de saúde público. O estado de saúde do opositor é grave, porém estável.
"De uma hora para outra, uma série de bactérias tóxicas presentes nos intestinos pode invadir meu corpo e causar complicações, pondo um fim à minha vida", afirmou Fariñas, que disse não saber ao certo quando deixará o hospital no qual está internado em Santa Clara, cidade a 280 quilômetros ao leste de Havana.
Manifestação. As Damas de Branco, grupo de mães e mulheres de presos políticos cubanos, realizaram ontem seu segundo dia de protesto contra o governo para pedir a libertação de seus parentes e o respeito aos direitos humanos na ilha. "Liberdade!", exclamava o grupo, cujos integrantes caminhavam pelas ruas segurando flores.
O protesto coincidiu com o sétimo aniversário da primavera negra, ofensiva do regime de Fidel e Raúl Castro contra a oposição, iniciada em 18 de março de 2003, que resultou na prisão e condenação de 75 dissidentes.
A marcha de cerca de 2o mulheres foi repudiada por 150 partidários do governo, que gritavam palavras de apoio a Fidel e à Revolução Cubana. Agentes do governo, vestidos como civis, tentaram manter a ordem no local, evitando confrontos violentos entre os dois grupos de manifestantes. /
Encontrou algum erro? Entre em contato