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OEA vai monitorar contagem de votos na Bolívia após denúncia de opositor de Evo

Mesa questionou a interrupção da divulgação dos dados preliminares de contagem de votos

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Por Redação
Atualização:

LA PAZ - O governo da Bolívia e uma missão de observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) concordaram nesta segunda-feira, 21, em estabelecer uma “equipe de acompanhamento permanente” para a apuração das eleições gerais realizadas no domingo, em um contexto de desconfiança com os dados já divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O chanceler boliviano, Diego Pary, confirmou a informação pelo Twitter.

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A decisão foi anunciada depois que o candidato à presidência Carlos Mesa, principal opositor do atual presidente do país, Evo Morales, denunciou uma suposta tentativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) boliviano de manipular o resultado das eleições no país, que foram realizadas no domingo, 20. Mesa questionou a interrupção da divulgação dos dados preliminares de contagem de votos. 

Uma primeira contagem rápida apontou que Evo obteve 43,9% dos votos, enquanto Mesa conquistou 39,4%. Em sua quarta disputa eleitoral pela presidência, esta é a primeira vez na história que o presidente boliviano deve enfrentar um segundo turno. 

Carlos Mesa reage ao saber dos primeiros resultados eleitorais Foto: EFE/ Stringer

Em um vídeo publicado em sua conta oficial no Twitter, Mesa diz que o tribunal descumpriu com sua palavra ao não divulgar a recontagem dos votos até ter 100% das urnas apuradas. Segundo ele, o órgão liberou apenas um relatório por meio do TREP - sistema de acompanhamento eleitoral do país - quando 80% das urnas estavam apuradas, e interrompeu a recontagem.

"A partir de todas as contagens rápidas independentes, estamos no segundo turno com uma diferença que é inferior a 5 pontos entre o primeiro e o segundo. O que está acontecendo é tremendamente grave, ao ponto de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) fazerem um chamado de atenção, perguntando porque a recontagem foi interrompida. Não podemos aceitar que se tente manipular um resultado que obviamente nos leva ao segundo turno, que deve ser realizado de qualquer maneira", disse Mesa.

Observadores da OEA também fizeram um pedido para que o "processo de publicação das informações de apuração ocorra de maneira fluida".

Dirigindo-se diretamente a seus eleitores, Mesa pediu que eles montassem vigílias por todo o país até que a recontagem seja "reiniciada sem nenhum tipo de manipulação" e que seja confirmado o resultado final.

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A diferença entre o primeiro e o segundo colocado tem uma importância decisiva no processo eleitoral boliviano. Ao contrário do Brasil, onde um candidato é eleito em primeiro turno apenas se alcançar mais de 50% dos votos válidos, na Bolívia, caso o candidato alcance uma contagem superior a 40%, basta que a diferença em relação ao segundo mais votado seja de 10 pontos porcentuais para que ele seja eleito em 1.º turno.

Itamaraty pede transparência

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil se manifestou sobre a apuração dos votos na Bolívia. Em sua conta no Twitter, o Itamaraty disse que acompanha com atenção a situação no país e expressou preocupação pela ausência de resposta das autoridades bolivianas ao questionamento da OEA.

O ministério também disse esperar que a apuração continue com transparência e lisura. /EFE E AP

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