Opositor é favorito no Chile, mas eleições devem ter segundo turno

Segundo pesquisas, nenhum dos candidatos deve ter mais que 50% dos votos válidos no domingo.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil
Atualização:

A campanha para as eleições presidenciais do Chile, no próximo domingo, terminou na última quinta-feira com sinais de que o próximo presidente do país só deverá ser eleito em um segundo turno, que deve acontecer em 17 de janeiro. Cerca de 8,5 milhões de chilenos devem comparecer às urnas para escolher, além do próximo presidente, novos deputados e senadores. De acordo com levantamentos de intenção de voto, no entanto, nenhum dos presidenciáveis deve obter mais de 50% dos votos válidos, o que seria necessário para que não houvesse necessidade de mais uma rodada de votação. Segundo uma pesquisa do instituto CERC (Centro de Estudos da Realidade Contemporânea) divulgada nesta semana, o candidato favorito é o oposicionista conservador Sebastián Piñera, do partido Renovação Nacional, com 44% das intenções de voto. Em segundo lugar aparece o ex-presidente Eduardo Frei, da frente governista de centro-esquerda Concertación, com 31%. O independente e dissidente da base governista Marco Enriquez-Ominami, de apenas 36 anos, conta com 17,7% das intenções e aparece em terceiro lugar. Levantamentos anteriores mostravam Frei e Ominami tecnicamente empatados. "Oportunidade" Um dos principais empresários do Chile, Piñera disputa a eleição presidencial pela segunda vez. Durante a campanha, ele afirmou que, caso eleito, manterá os planos sociais implementados pela atual presidente, Michelle Bachelet, que conta com altos índices de popularidade. O empresário encerrou sua campanha à Presidência argumentando que a Concertación, coalizão de Bachelet, "já teve sua oportunidade" de governar o Chile. Formada pelo Partido Socialista (PS) e pela Democracia Cristã, entre outras agremiações, a Concertación assumiu a Presidência do Chile pela primeira vez em 1990, logo após o fim do regime do general Augusto Pinochet (1973-1990). Em quase duas décadas de governo da coalizão, o Chile, um dos países mais prósperos da América Latina, viu seus índices de pobreza caírem, ao mesmo tempo em que a concentração de renda aumentou. Desgaste De acordo com analistas ouvidos pela BBC Brasil, a coalizão está enfrentando o "desgaste" de ter passado muito tempo no poder, o que fez com que Bachelet, apesar de seus altos índices de aprovação, não tenha conseguido transferir seu prestígio para o candidato governista, Eduardo Frei, que foi presidente do Chile entre 1996 e 2000. "Também ajudou Piñera o fato de ele ser, pela primeira vez em muitos anos, o candidato único da direita", diz o cientista político Cláudio Fuentes, da Universidade Diego Portales. Ainda segundo Fuentes, parte do eleitorado vê Piñera como um candidato "de centro", já que ele não é um representante da "direita pinochetista". Já o analista Guillermo Holzmann, da Universidade do Chile, afirma que o eleitorado da Concertación está dividido entre as candidaturas de Frei, do dissidente independente Marco Enriquez-Ominami e do socialista Jorge Arrate, ex-ministro de Salvador Allende. "O desgaste da Concertación e o fato de ela estar dividida com três candidatos acabou favorecendo a candidatura de Piñera", afirma Holzmann. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.