
21 de dezembro de 2020 | 18h56
BERLIM - O maior opositor do governo de Vladimir Putin, o advogado Alexei Navalni, afirmou nesta segunda-feira ter conseguido uma confissão de um agente russo de que Moscou esteve por trás de seu envenenamento e o agente nervoso foi colocado em sua cueca. O serviço secreto russo (FSB) imediatamente desmentiu a informação.
Navalni disse em seu blog ter telefonado para o agente – que identificou como Konstantin Kudriavtsev – se passando por um funcionário de alto escalão do governo. O opositor, que continua na Alemanha se recuperando do ataque, explicou que conseguiu disfarçar seu número de telefone e se apresentar ao agente como assistente do secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patruchev, que é próximo ao presidente Putin.
“O vídeo dessa conversa telefônica é uma falsificação”, disse o FSB, acrescentando que ele é uma “provocação planejada” com ajuda estrangeira.
O opositor russo começou a passar mal quando voava de Tomsk, na Sibéria, para Moscou em 20 de agosto, e o piloto fez um pouso de emergência em Omsk. “Se tivesse voado um pouco mais e não tivesse pousado tão rápido, talvez tudo tivesse se desenvolvido de forma diferente”, diz na conversa telefônica o homem que se supõe ser Kudriavtsev.
Segundo a transcrição do suposto telefonema, o agente duvida inicialmente e depois acaba conversando durante 45 minutos com quem acredita ser um funcionário russo de alto escalão e revelando que o veneno foi colocado na cueca de Navalni. O interlocutor dá a entender que não participou do ataque, mas ajudou a destruir as provas.
O opositor russo não fornece provas da identidade de seu interlocutor, mas garante em seu blog que “um exame pericial da voz” mostrará que ele é Kudriavtsev.
Na quinta-feira, Putin assegurou que o opositor não foi envenenado por seus serviços especiais porque, do contrário, estaria morto. O presidente russo disse que Navalni era apenas vigiado pelo FSB porque tinha o apoio dos serviços especiais americanos, mas isso não significa que o tivesse envenenado. / AFP
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