Opositores de Chávez marcham contra intervenção na polícia

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Por Agencia Estado
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A oposição venezuelana realizou neste domingo uma marcha em Caracas até uma das sedes da Polícia Metropolitana a fim de pressionar o presidente Hugo Chávez a suspender a intervenção na corporação, ao mesmo tempo em que centenas de tropas militares estavam de prontidão nas principais delegacias da cidade. Cerca de 200 opositores marcharam quase cinco quilômetros para demonstrar apoio aos policias, pertencentes a um corpo de segurança que se caracterizou nos últimos três anos por evitar que simpatizantes do governo impedissem manifestações organizadas pela oposição. Agentes da Guarda Nacional e do Exército, com equipes antimotins e portando fuzis, formaram um cinturão de segurança ao redor da sede da polícia motorizada, unidade de elite da Polícia Metropolitana localizada no norte de Caracas, para impedir que os manifestantes bloqueassem as portas do edifício. "Estamos mostrando nossa solidariedade para com a Polícia Metropolitana porque pensamos que as polícias municipais poderiam ser o próximo alvo", disse o prefeito de Baruta, Henrique Capriles, um município da Grande Caracas. A medida do governo provocou críticas da oposição, que ameaça tomar ações de rua e iniciar processos judiciais para forçar uma reversão da decisão. O governo argumenta que não lhe restou outra alternativa a não ser intervir na Polícia Metropolitana, já que o corpo policial se encontra dividido entre agentes contrários e partidários do governo. Alguns policiais, inclusive, se negam a reconhecer o novo comandante designado pelas autoridades centrais. A Polícia Metropolitana se reporta diretamente ao prefeito Alfredo Peña, um opositor de Chávez. Já o governo acusa Peña de instigar o conflito dentro da polícia. Chávez justificou hoje a decisão afirmando que "já não agüentava mais essa situação". "Tornou-se uma obrigação, se converteu em um problema de segurança e de ordem pública, que colocou em perigo a vida de milhões de pessoas", disse Chávez em no programa dominical de rádio. A capital venezuelana amanheceu hoje tensa depois da decisão anunciada pelo governo sábado à noite de enviar centenas de militares e tanques à sede principal e alguns destacamentos da Polícia Metropolitana. O presidente da maior central sindical do país, Carlos Ortega, disse que a intervenção do corpo policial é um "agravante da crise nacional" que poderia conduzir nos próximos dias à declaração de uma greve geral indefinida. O diário local El Universal publicou hoje um editorial classificando a intervenção na polícia como "uma agressão à institucionalidade jurídica". A oposição entregou no último dia 4 às autoridades eleitorais dois milhões de assinaturas para pressionar a realização de um referendo sobre a possibilidade de renúncia voluntária de Chávez.

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