Opositores e partidários de Chávez voltam às ruas de Caracas

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Por Agencia Estado
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Ao mesmo tempo em que o comércio e a indústria venezuelanos começavam hoje a retomar suas atividades normais, após 63 dias da greve geral encerrada oficialmente no domingo, opositores e partidários do presidente Hugo Chávez voltaram às ruas de Caracas, respectivamente para protestar e festejar a 11º aniversário da tentativa de golpe liderada por Chávez contra o então presidente Carlos Andrés Pérez. O incidente mais grave ocorreu na frente da prefeitura da capital, no qual simpatizantes chavistas entraram em choque com soldados da Polícia Metropolitana, comandada pelo prefeito oposicionista, Alfredo Peña. Pelo menos quatro manifestantes ficaram feridos. A emissora de TV Globovisión - de linha opositora - mostrou um grupo de chavistas com os rostos cobertos que atiravam pedras contra o prédio da prefeitura. O secretário de segurança municipal, Ramón Muchacho, disse em entrevista à emissora que "bandos" de partidários do governo tentaram atacá-lo com pedras e armas de fogo. A mando de Peña, um grupo de dezenas de manifestantes foi dispersado pelo lançamento de bombas de gás lacrimogêneo. Enquanto isso, a aliança Coordenação Democrática - que congrega entidades sindicais de empresários e trabalhadores que se opõem a Chávez - lembrou a data com uma "jornada de luto ativo" e convocou seus militantes a uma "vigília contra o golpismo". Chávez não assistiu aos atos oficiais, nos quais esteve representado pelo vice-presidente José Vicente Rangel e vários ministros do gabinete. Rangel rejeitou, em declarações aos jornalistas, que se estivesse comemorando o aniversário de um ato sangrento e golpista, e afirmou que em 4 de fevereiro de 1992 houve "um golpe de opinião contra um sistema corrupto". O vice-presidente acrescentou que "o alçamento militar que Chávez liderou teve o respaldo de 90% dos venezuelanos" e garantiu que "teve um sinal absolutamente distinto" do golpe de Estado fracassado de 11 de abril de 2002, contra Chávez. "O que houve em abril foi uma conjuração de militares reacionários com setores do empresariado, enquanto que o ocorrido em fevereiro de 1992 foi algo eminentemente popular, democrático e social", assinalou o vice-presidente. Chávez disse que o 4-F está, junto com a rebelião popular de fevereiro de 1989, conhecida como "Caracazo", que deixou numerosas vítimas, na base do processo revolucionário que o levou ao poder nas eleições de dezembro de 1998. Depois do fracasso do golpe de fevereiro de 1992, que teve uma réplica, igualmente fracassada, em 27 de novembro do mesmo ano, Chávez esteve dois anos na prisão, de onde saiu para dedicar-se a política. Também hoje, o Supremo Tribunal de Justiça esclareceu que o presidente Chávez iniciou em agosto de 2000 seu segundo mandato, de modo que um referendo sobre o seu mandato poderia ser convocado apenas a a partir de agosto deste ano, segundo a constituição venezuelana.

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