Opositores se enfrentam no Cairo e crise política egípcia se agrava

Violentos confrontos na Praça Tahir deixaram mais de 200 feridos; conselheiros de Morsi pedem demissão em aparente protesto às últimas medidas do governo.

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Por BBC Brasil
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Atirando pedras e coquetéis molotovs, partidários e oponentes do presidente egípcio Mohammed Morsi entraram em conflito nesta quarta-feira diante do palácio presidencial no Cairo. Os violentos confrontos na Praça Tahir, que deixaram mais de 200 feridos, tiveram início quando os partidários de Morsi invadiram uma área onde a oposição estava acampada, protestando contra o novo projeto de Constituição do país. Opositores dizem que ela foi aprovada às pressas e que ela não protege a liberdade política e religiosa e nem defende os direitos das mulheres. Partidários do presidente gritavam frases como "O povo quer limpar a praça", segundo a agência de notícias AFP. Houve relatos de tiros e há informações não confirmadas de que pelo menos duas pessoas teriam morrido. O correspondente da BBC no Cairo Jon Leyne disse que os confrontos são, possivelmente, o fato mais perigoso até agora na crescente crise política no Egito. Leyne disse que o conflito, que segundo a oposição foi organizado pela Irmandade Muçulmana, teve reminiscências de táticas usadas pelo ex-presidente Hosni Mubarak durante a revolução. Demissões Juntamente com a violência na Praça Tahir, a crise política no governo também se intensificou nesta quarta-feira. Quatro dos conselheiros de Morsi pediram demissão, em um aparente protesto contra as últimas medidas do governo - três já haviam deixado seus cargos na semana passada. Líderes da oposição acusaram Morsi de ser o responsável pela violência. Eles afirmam que estão dispostos para dialogar, assim que o presidente anular o polêmico decreto que assinou lhe concedendo mais poderes. No início do dia, o vice-presidente Mahmoud Mekki afirmou que um referendo sobre a Constituição será realizado no dia 15 de dezembro e que a "porta para o diálogo" continua aberta, indicando que podem ser feitas mudanças no documento. Durante uma entrevista em uma reunião da Otan, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, fez um apelo para que líderes egípcios iniciem um diálogo. "O povo egípcio merece uma Constituição que proteja o direito de todos os egípcios, homens e mulheres, cristãos e muçulmanos - e que garanta que o país vá cumprir suas obrigações internacionais", disse Hillary. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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