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Opositores tomam Parlamento moldávio

Manifestantes rejeitam resultado de eleição e exigem saída de presidente

Por Reuters e CHISINAU
Atualização:

A capital da Moldávia, Chisinau, foi palco pelo segundo dia consecutivo de violentos confrontos entre policiais e opositores do governo comunista do presidente Vladimir Voronin. Denunciando fraude nas eleições legislativas de domingo, cerca de 10 mil manifestantes conseguiram ontem tomar parte do Parlamento, enquanto a polícia tentava dispersar a multidão com jatos d?água. Uma mulher morreu e pelo menos 34 manifestantes e 80 policiais ficaram feridos. O presidente disse que a oposição "tenta dar um golpe de Estado" e pediu ajuda ao Ocidente para restabelecer a ordem no país. Forças de segurança moldávias perderam o controle sobre partes da capital. Segundo a Comissão Eleitoral moldávia, o Partido Comunista - no poder desde 2001 - conquistou metade das cadeiras do Parlamento. Mas a oposição afirma que houve ingerência do governo na apuração das cédulas e solicita uma recontagem dos votos. Ontem, foram invadidos e saqueados também a residência presidencial, o escritório da Comissão Eleitoral e outros prédios públicos. Imagens de TV mostravam policiais em retirada, protegendo-se com escudos de uma chuva de objetos lançados por manifestantes. Atualmente com 4 milhões de habitantes, a Moldávia foi parte da Romênia até 1940, quando tropas soviéticas ocuparam a região. O país tornou-se independente em 1991, com a queda da União Soviética, mas a instabilidade política e econômica deu força novamente ao Partido Comunista, que retornou ao poder dez anos após o país conquistar sua autonomia. Eleito, Voronin foi capaz de manter a estabilidade e promover o crescimento econômico, mas a rebelião separatista de 18 anos na Província de Transdniester corroeu sua popularidade. Tropas russas tentam manter a ordem na região rebelde desde os tempos da ocupação soviética da Moldávia. Nos protestos de ontem, manifestantes gritavam nas ruas de Chisinau "nós queremos a Europa", "somos romenos" e "abaixo o comunismo", segundo a agência de notícias russa Interfax. Grande parte da população defende a reintegração da Moldávia à Romênia e a entrada na União Europeia. Líderes da oposição condenaram a violência, mas reforçaram a exigência de que Voronin renuncie e abandone definitivamente o país. Segundo a lei eleitoral, o presidente deve deixar o poder após a posse dos novos parlamentares. Mas o recém-eleito Legislativo, controlado pelo Partido Comunista, deverá nomear mais um membro da legenda para a chefia do governo. O presidente russo, Dmitri Medvedev, que havia cumprimentado Voronin pela vitória de seu partido no domingo, pediu calma à população. EUA e União Europeia também exigiram o fim dos confrontos. "Violência é inaceitável. Mas é igualmente importante respeitar o direito de se manifestar", disse Javier Solana, chefe da Política Externa da UE.

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