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Opositores venezuelanos pedem a Moro que investigue operações suspeitas

Reunião foi realizada no dia seguinte ao encontro dos venezuelanos com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro Ernesto Araújo

Foto do author Leonencio Nossa
Por Leonencio Nossa , Mariana Haubert e Camila Turtelli
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, recebeu ontem representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da oposição ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para discutir um rastreamento de possíveis movimentações financeiras e negócios no Brasil de integrantes do governo venezuelano. Moro teria se comprometido a adotar medidas “imediatas” para investigar operações suspeitas, relataram participantes do encontro.

O ministro da Justiça, Sérgio Moro Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

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A reunião foi realizada no dia seguinte ao encontro dos venezuelanos com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro Ernesto Araújo (Relações Internacionais).

Em entrevista, o presidente do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela no exílio, Miguel Ángel Martín, e o assessor da OEA Gustavo Cinose pediram ao ministro para adotar medidas de cooperação previstas na Convenção de Palermo, tratado que o Brasil e outros 123 países assinaram de parceria no combate a transações criminosas internacionais. “A plataforma legal existe, é preciso apenas executar as ações”, afirmou Ángel Martín.

Gustavo Cinose relatou que na conversa com Moro disse que o Brasil, embora signatário da carta assinada em 2000 na Itália, nunca adotou medidas de cooperação previstas no acordo. “Cada país tem o dever de adotar medidas administrativas e políticas para realizar investigações dentro de seu território”, afirmou.

Miguel Ángel Martín disse que apresentou a Sérgio Moro possíveis linhas de investigação. “Na Venezuela, não estamos diante de um simples ato de peculato. O que ocorre lá, com o governo de Nicolás Maduro, se enquadra nos crimes previstos na Convenção de Palermo”, afirmou. “Pelo que investigamos até aqui, a Venezuela é um banco, uma mina, que financia o narcotráfico e o terrorismo.”

Na conversa com os jornalistas, o presidente do Tribunal Supremo da Venezuela em exílio disse que o encontro com o ministro brasileiro teve um caráter simbólico. “O ministro criou uma estrutura no Brasil para combater esse tipo de delito”, afirmou, referindo-se à atuação de Sérgio Moro como juiz no âmbito da Operação Lava Jato. “Esse emblema permite criar a sensação de que podemos lutar contra o crime.”

O pedido de rastreamento de possíveis movimentações financeiras por parte de integrantes do chavismo foi apresentado ao governo brasileiro na quinta-feira, 18, durante a reunião que o Itamaraty realizou com opositores do regime, representantes dos países do chamado Grupo de Lima, dos Estados Unidos e da OEA. 

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De acordo com Roderick Navarro, integrante do grupo Rumbo Libertad e um dos participantes do encontro de ontem, a intenção é que as investigações se expandam para os outros países da América Latina que integram o Grupo de Lima para que a rede financeira do governo venezuelano possa ser descoberta. Ele destacou que o Brasil poderá ser protagonista. 

"A presença do Sérgio Moro aí é importante, é uma mostra de que, depois da Lava Jato, do Mensalão, vocês têm um governo que é anticorrupção. Então, acho que essa disposição aí existe", afirmou.