A direção da Opus Dei, grupo católico ultraconservador e muito influente no Chile, está processando o periódico da comunidade gay local devido ao polêmico nome da publicação. A disputa legal começou em maio último, quando a publicação chegou às bancas, mas veio a público somente agora, quando Alberto Roa, diretor do "Opusgay", revelou que a Opus Dei impugnou o nome da revista "por temor de ser associada a algum grupo homossexual". O porta-voz do movimento religioso, José Antonio Guzmán, respondeu que "não se trata de uma ofensa. Apenas defendemos nosso nome e recorremos a um procedimento rotineiro num caso como este". Roa, que obteve apoio do Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movhil) e do presidente do governista Partido pela Democracia, deputado Guido Girardi, retrucou: "Defendo os direitos das pessoas com uma opção sexual distinta, às quais não se permite o exercício da liberdade de expressão." Girardi, por sua vez, acusou o grupo religioso de "tentar censurar um veículo de comunicação que tem o direito de existir. Por trás de tudo isto, há um sentimento homofóbico". O advogado da Opus Dei, Andrés Echeverría, diz que a comunidade gay pode ter seu jornal, mas precisa mudar o nome. "Não é um discussão sobre se a Igreja Católica discrimina ou é intolerante. É um problema legal. A Opus Dei tem direitos sobre seu nome estabelecidos por tratados internacionais e tem inscrita a marca Opus com autoridade", disse o advogado. No entanto, o jornalista Héctor Véliz Meza, do jornal "Las Ultimas Noticias", recorda que opus é uma palavra genérica. "Opus Dei significa Obra de Deus. Opus gay é apenas um jogo de palavras", comentou. "É um problema legal, mas fico um pouco surpreso ao tomar conhecimento que Opus Dei tenha sido transformada numa marca comercial", prosseguiu.