Oracle nega convite a Clinton para integrar conselho

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Por Agencia Estado
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Os americanos estavam mais preocupados em saber sobre o perdão do financista Marc Rich, mas Bill Clinton veio a New Orleans abrir o evento Oracle Apps Word para mostrar o quanto o período de seus dois mandatos foi próspero com a expansão da internet. E quanto os feitos da Oracle e das empresas da nova economia que floresceram desde quando ele assumiu o governo, em janeiro de 1993, podem ajudar a integração mundial e diminuir as diferenças sociais e econômicas. Com um público de aproximadamente 5 mil pessoas, Clinton foi saudado pelo presidente-executivo da Oracle Corporation, Larry Ellison como um grande líder político, e que justamente por isso às vezes é incompreendido e se torna impopular, assim como foi John F. Kennedy. Ellison também destacou o papel de Clinton na integração com o México, que criou empregos e prosperidade à vizinhança. Os mexicanos estranharam, até porque o Brasil é considerado o maior mercado para a Oracle na América Latina, com 50% dos negócios na região e dono da oitava maior subsidiária do mundo. De toda forma, Clinton aproveitou o gancho da unidade latino-americana para destacar o senso de comunidade que a Oracle está propondo ao concentrar seus esforços em colocar as empresas operando plenamente na internet. Aproveitou o fato de estar perto do Rio Mississipi - a menos de um quilômetro da sede do Ernst Morial Center , onde ocorre o Oracle Apps World - para lembrar do gosto de aventura de Huckluberry Finn, o personagem de Mark Twain, que de certa forma é o mesmo apetite que move as empresas que se lançaram na internet e garantiram que os Estados Unidos mantivessem um ritmo de crescimento constante durante seu período de governo, alcançando maior produtividade. Citando Henry Ford, que ao criar uma linha de produção mudou todo o conceito de produção, Clinton disse que a proposta da Oracle, ao levar as empresas a operar completamente pela internet permite um novo salto não só na tecnologia da informação, mas ganhos visíveis na estrutura produtiva. No board Tanta destreza ao associar um discurso político-social com uma empresa poderiam demonstrar a intimidade que Clinton tem com a Oracle, e confirmar a possibilidade de o ex-presidente assumir uma cadeira no Conselho de Administração da empresa, como foi sugerido na semana passada no jornal San Jose Mercury News. A Oracle negou a possibilidade. E comenta-se que Clinton na verdade, teria plantado essa história como uma forma de sugerir o convite, principalmente porque sua imagem pública está se desgastando rapidamente. Assumir um cargo na Oracle seria uma demonstração de que ele ainda está por cima. Principalmente depois de aparecer na capa da revista semanal Time como "O incrível ex-presidente que encolheu". A CNN gastou pelo menos uma hora para confirmar a tese da revista, mostrando o desgaste que a aparição constante e às vezes apelativa de Clinton está deixando-o apagado. Para a Oracle, a indicação de Clinton também representaria um grande desgaste. A Microsoft Corp. não cansa de afirmar que, encerrado o governo Clinton, vai sair vitoriosa no processo antitruste que o governo americano move contra a empresa. Ao incorporá-lo na direção, poderia ficar claro que havia uma aproximação muito grande, e interesses pessoais na história. Estratégia No momento, tudo que a Oracle não quer é desgaste em sua imagem. A empresa lançou-se numa estratégia agressiva para provar que tem condições de oferecer soluções completas para a integração de uma empresa, oferecendo ferramentas de gestão dos processos produtivos e do relacionamento com o cliente, e tudo em pacotes disponíveis pela internet. A estratégia de marketing começa dentro da própria casa. A Oracle tem publicado nas principais revistas de economia do mundo, um anúncio dizendo que economizou US$ 1 bilhão ao integrar suas operações totalmente pela internet, usando seus próprios aplicativos. O valor economizado refere-se ao exercício fiscal encerrado em novembro de 2000. Para o próximo período, a meta é chegar a uma redução de custos de US$ 2 bilhões, quase 75% a menos com gastos nos processos de vendas, explica o vice-presidente-financeiro da Oracle, Jeff Henley. Assim, o Apps World - que começou hoje (20) e termina na sexta-feira - é visto como uma grande demonstração das novas máximas adotadas pela companhia. A primeira é de oferecer o software como um serviço sob medida. Na entrada da sede do encontro, uma enorme faixa sugere "Kits são bons para modelos de aviões. Para negócios, o bom é uma suíte". Como uma peça divertida, em uma das apresentações do vice-presidente de Marketing, Mark Jarvis, cada convidado recebia uma cueca samba-canção, com a inscrição "Get personal" no traseiro, sugerindo que algumas coisas não devem ser compartilhadas. Em New Orleans, suíte inevitavelmente lembra jazz. Os vários movimentos que fazem uma música de jazz são transferidos pela Oracle para sua proposta de softwares corporativos, com o máximo de movimentos para chegarem a uma grande harmonia. Mas o rock também aparece no evento da Oracle. Jarvis preparou para a tarde de terça-feira a apresentação do "Show de rock de horrores da implementação de um sistema de e-business". Jarvis é uma espécie de showman da Oracle, fazendo apresentações mesclando humor e informação, e por isso movimentadas. Reunindo mais de 8 mil pessoas em New Orleans, a Oracle promove paralelamente ao Apps World encontros menores, para os principais executivos de seus grandes clientes. O esforço envolve presidentes de subsidiárias, gerentes de vendas e marketing e secretárias. No Apps World, não se vêem brasileiros. Eles estão nos Círculos de Negócios, que são reuniões fechadas para empresas usuárias dos produtos da Oracle, devidamente acompanhados pelo presidente da empresa no Brasil, Luiz Meisler. São aproximadamente 30 clientes.

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