MIAMI, EUA- Dois grupos hispânicos pró-imigrantes da Flórida criticaram nesta quarta-feira, 11, o projeto de lei apresentado pelo procurador geral do estado, Bill McCollum, que converte em crime não estar portando documentos migratórios, entre outros pontos.
O conteúdo do projeto de "Imposição de Leis Migratórias", a ser apresentado na próxima sessão do Congresso estadual, foi divulgado hoje na cidade de Orlando em uma coletiva de imprensa liderada por McCollum.
Este projeto "será muito prejudicial para o povo da Flórida, para os mesmos imigrantes e para a economia em geral", disse à Efe John Freid, diretor do "We Count!", uma organização em favor dos trabalhadores imigrantes.
Para o ativista, as motivações de McCollum - que será candidato a governador nas próximas eleições - são de mero cálculo político, já que "a princípio, McCollum se disse contra o projeto de lei do Arizona e garantiu que não precisamos dele na Flórida".
Segundo Freid, se a medida entrar em vigor, "a segurança pública ficaria muito prejudicada porque teremos medo de denunciar crimes à polícia". O ativista também acredita que a lei "criará um clima de desconfiança entre os imigrantes".
Por sua vez, o Centro para a Defesa de Imigrantes na Flórida (FIAC, na sigla em inglês) rechaçou o projeto por considerar que ele "mina a segurança pública, a economia do estado e não soluciona o sistema de imigração roto".
A polícia local, ao invés de perseguir "babás e jardineiros sem documentos", deveria se dedicar à "investigação de assassinatos, casos de violência doméstica e outros crimes graves", afirmou a FIAC em um comunicado.
A organização destacou que os trabalhadores imigrantes são mais de 20% da força de trabalho do estado e contribuem com cerca de US$ 20 milhões em impostos federais, estaduais e municipais.
De acordo com o Instituto de Política Migratória, residem na Flórida mais de 700.000 imigrantes ilegais.
Projeto
Segundo o texto do projeto, os agentes policiais municipais e estaduais deverão revistar a situação migratória de pessoas quando existirem "suspeitas razoáveis" de que o indivíduo posse ser um imigrante ilegal.
Segundo McCollum, a lei contém "provisões específicas para evitar perfis raciais e que a polícia reviste alguém só porque parece imigrante".
Uma "suspeita razoável" pode ser a apresentação de documentos, como uma licença de motorista com aparência falsa ou a ausência de documentos de identificação pessoal no momento da abordagem, disse o procurador.
Se um imigrante estiver sem seus documentos ao ser revistado pela polícia, de acordo com o projeto, pode ficar detido por até 20 dias.
Diferentemente da lei do Arizona, a proposta da Flórida permitirá sentenças mais duras contra indocumentados que sejam culpados por crimes e converte crimes de terceiro grau em de segundo grau.
A lei também determina que os juízes tomem nota do status migratório dos presos antes de impor fianças "porque um ilegal é mais propenso a fugir", de acordo com o procurador.