PUBLICIDADE

Oriente Médio domina terceiro debate nos EUA

No último confronto antes das eleições, Barack Obama e Mitt Romney discutiram temas relacionados à política externa americana.

Por BBC Brasil
Atualização:

No terceiro e último debate entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos, realizado na noite da última segunda-feira, o presidente americano Barack Obama e seu rival republicano, o ex-governador do Massachusetts Mitt Romney, discutiram temas ligados à política externa americana, em especial o Oriente Médio, que dominou grande parte do confronto. Moderado pelo âncora da CBS News, Bob Schieffer, o embate durou 90 minutos e ocorreu na Lynn University, em Boca Raton, na Flórida. Analistas já apontam o debate como o mais acirrado entre os três realizados. Segundo eles, Obama também teria sido mais agressivo do que Romney, que preferiu adotar um tom mais "presidencial", neste último encontro. Entretanto, apesar de as divergências, os dois candidatos têm propostas semelhantes em relação à política externa, acrescentaram. Obama e Romney expuseram seus pontos de vista sobre questões como o ataque ao consulado dos EUA em Benghazi, que resultou na morte do embaixador americano no país, o terrorismo, a Primavera Árabe e a concorrência com a China. Entretanto, assuntos como a América Latina, com exceção de uma rápida menção de Romney, e a crise europeia ficaram de fora do debate. Segundo uma pesquisa divulgada após o fim do duelo pela rede de TV americana CNN, 48% dos internautas acreditaram que Obama foi melhor do que Romney (40%). Oriente Médio O confronto teve início com uma pergunta sobre o atentado ao consulado dos EUA em Benghazi, na Líbia, que resultou na morte do então embaixador americano no país. Logo depois, os dois candidatos passaram a discutir sobre a Síria. Obama disse que os Estados Unidos deveriam buscar a renúncia de Assad por meio de uma solução pacífica, enquanto que Romney defendeu armar a oposição do país do Oriente Médio. Ainda sobre a região, ambos os candidatos reafirmaram defender a aliança com Israel e criticaram o regime iraniano. Para Obama, seu governo não só impôs sanções ao país governado por Mahmoud Ahmadinejad como também pretende "aumentá-las". Romney concordou com o rival, mas foi mais duro em relação ao Irã, acrescentando que o país hoje representaria uma das maiores "ameaças futuras" aos Estados Unidos. O republicano também acusou Obama de passar uma imagem de fraqueza dos Estados Unidos para os países do Oriente Médio. Romney citou exemplos dos "tumultos" internacionais que a administração Obama teria deixado acontecer principalmente na região do Oriente Médio. Ele citou o ataque à embaixada americana na Líbia, o golpe no Mali que permitiu a expansão de grupos extremistas islâmicos no norte do país e o avanço do programa nuclear iraniano. O republicano incluiu em sua lista até a eleição democrática no Egito de um presidente apoiado pela Irmandade Muçulmana, provocando a indignação de alguns analistas. Rússia Obama também aproveitou para lembrar que Romney afirmou, há alguns dias, que a maior ameaça geopolítica aos EUA é a Rússia. Ele ironizou afirmando estar agradecido por Romney reconhecer a ameaça proporcionada pela Al-Qaeda. "Governador (referindo-se a Romney), quando se trata de relações exteriores você parece querer as políticas dos anos de 1980, da mesma forma que você quer importar políticas sociais da década de 1950 e econômicas dos anos 1920", afirmou Obama. Ele também acusou o republicano de apoiar a invasão do Iraque mesmo sem a existência de armas nucleares no país. Romney devolveu o ataque afirmando que ao assumir o governo, Obama fez uma "viagem de desculpas" para países árabes passando a eles a imagem de uma América fraca. O republicano afirmou que, estimulado pela política de Obama, Teerã ficou quatro anos mais próxima de uma bomba nuclear. China Outro ponto alto do confronto entre os dois candidatos foi a China. Tanto Obama quanto Romney afirmaram que os EUA podem manter uma boa relação com o país asiático, mas disseram que a superpotência emergente deve ser pressionada para seguir as regras internacionais de comércio. Romney criticou principalmente a prática chinesa de "manipular o câmbio de sua moeda" e piratear a propriedade intelectual americana. O republicano afirmou, ainda, que os chineses não podem "ficar com os empregos dos americanos". Obama disse que China e EUA podem colaborar militarmente no Oceano Índico, mas reiterou que na área comercial Pequim deve "jogar conforme as regras". O democrata também sugeriu a necessidade de os EUA fazerem parcerias com países vizinhos da China para pressionar o país a seguir regras comerciais internacionais. Boca de urna Um levantamento encomendado pela rede de TV americana NBC no último domingo mostrou que os dois candidatos estão empatados nas intenções de votos dos americanos, cada qual com 47%. Outra pesquisa, feita a pedido da rede de TV americana ABC, mostrou Obama com uma leve vantagem (48%) em relação a Romney (48%). BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.