Presidente da Nicarágua rejeita adiantar eleições e acusa oposição de apoiar paramilitares

Em entrevista, presidente nicaraguense ameniza tom contra bispos mediadores e afirma que só deixará o comando do país em 2021

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MANÁGUA - O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, afirmou que está aberto a continuar com os diálogos mediados pelos bispos do país, mas não adiantará as eleições presidenciais previstas para 2021. A matéria é a principal reivindicação de manifestantes da oposição que protestam desde abril pela renúncia do mandatário. Pelo menos 300 pessoas morreram durante confrontos com as forças do governo nos últimos três meses.

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Em entrevista gravada à emissora americana Fox News, Ortega pontuou que seu governo foi eleito pelo povo e que somente em 2021, quando serão realizadas as próximas eleições presidenciais, verá se continuará ou não no comando do país. O presidente também amenizou o tom usado nas críticas aos bispos católicos, que atuam como mediadores entre governo e oposição. Na semana passada, Ortega afirmou que os clérigos eram golpistas que tramavam um golpe de Estado. Na entrevista, porém, o mandatário se mostrou mais conciliador e convidou a Igreja Católica a continuar com os diálogos.

Ortega também negou que tenha autoridade ou controle sobre grupos paramilitares que atuam com violência na repressão aos manifestantes. Segundo o presidente, são eles os responsáveis pelos homicídios nos últimos meses, e não as forças do governo nicaraguense. Ele disse que os paramilitares estariam sendo financiados por grupos oposicionistas e por "interesses estrangeiros".

A declaração contradiz o que é apontado por organizações internacionais e instituições nicaraguenses de defesa dos direitos humanos. Na semana passada, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou um resolução que condena as violações aos direitos humanos cometidas pelas forças policiais do país e por grupos políticos partidários do governo.

Nas últimas semanas, séries de incursões de forças do governo com apoio de grupos paramilitares terminaram em conflito. A mais recente ocorreu na cidade de Masaya, reduto oposicionista que foi alvo de uma "operação limpeza" para restabelecer o controle de Ortega na região. / AP

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