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Ortodoxos rejeitam apelo de unidade do papa

Por Agencia Estado
Atualização:

Pedido feito, pedido negado. Durante missa rezada em um aeroporto em Kiev, neste domingo, o papa João Paulo II invocou o passado para rogar a católicos e ortodoxos da Ucrânia que redescubram a unidade que existia antes da Grande Cisma do Oriente, em 1054. Em seguida, as lideranças da Igreja Ortodoxa Ucraniana do patriarcado de Moscou, deixaram claro que não darão ouvidos ao chamado. A principal figura da facção moscovita dos ortodoxos ucranianos, o patriarca Vladimir, foi o único dos líderes religiosos do país a não comparecer ao encontro com João Paulo II, também neste domingo. Na reunião, um dos atos mais importantes da visita do papa à Ucrânia, estiveram presentes os patriarcas Filarete, do patriarcado de Kiev, e Metodio, da Igreja Ortodoxa Autônoma. Ambos lideram dissidências do patriarcado de Moscou e fizeram questão de abraçar e beijar o papa, reiterando sua evocação de paz e ecumenismo. Pela manhã, a missa presidida por João Paulo II reuniu um quinto do público previsto. Sob chuva, 40 mil pessoas ouviram o papa pedir para que todos "ajudem a restabelecer a situação de comunhão em que a diversidade de tradições não representa nenhum obstáculo para a unidade da fé e da vida eclesiástica". Em Brest, na Bielo-Rússia, o patriarca de Moscou, Alexis II, fez coro com o presidente do país, Alexander Lukashenko, na defesa da fé eslava contra ataques ocidentais. "Não preste atenção aos ataques com que alguns políticos tentam destruir o último bastião da nossa unidade, a nossa fé", disse Lukashenko. O patriarca agradeceu "o esforço do presidente para construir um estado unificado entre Rússia e Bielorrúsia". Ainda hoje, o papa visitou o campo de concentração de Bykovnya, construído no período de controle stalinista, e rezou em homenagem aos mais de um milhão de ucranianos mortos pela repressão de Stalin. Nesta segunda-feira, o pontífice fará uma breve passagem pelo campo nazista de Baby Yar, onde morreram pelo menos 100 mil judeus.

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