PUBLICIDADE

Os grandes só têm um ponto de consenso sobre Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (França, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia e China) concluíram quatro horas de reuniões hoje em Genebra com um único ponto em comum e que foi resumido pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan: "A soberania e o controle político no Iraque devem ser transferidos à população local assim que possível". Como e quando isso ocorreria fazem parte das profundas divergências a serem solucionadas pelos países do Conselho de Segurança, que ainda estão visivelmente dividos, apesar dos esforços de tentar passar a imagem de uma certa união. A reunião, que ocorreu em meio a protestos nas ruas de Genebra e uma forte segurança, contou com a presença do secretário de Estado americano, Colin Powell, e dos chanceleres da França, Dominique de Villepin; da Inglaterra, Jack Straw; da Rússia, Sergei Ivanov; e da China, Li Zhaoxing. include "$DOCUMENT_ROOT/internacional/guerra/ticker.inc"; ?> Durante o encontro, Powell reconheceu que está de acordo com a transferência de poder aos iraquianos, mas alertou: "isso deve ser feito de maneira responsável". Powell fez questão de destacar as "excelentes conversas" que manteve com Villepin e que os países agora teriam uma base para debater a questão do Iraque e o futuro da ONU durante a próxima semana, em Nova York. Os demais ministros e Annan escutaram ainda o pedido do americano para que a Casa Branca receba maior apoio militar e financeiro para reconstruir o Iraque. "Todos estamos de acordo que a comunidade internacional não pode abandonar o Iraque ", afirmou Straw, aliado incondicional de Washington. Annan relatou que, de fato, o debate sobre a criação de uma força multilateral havia avançado. Mas os franceses ainda estariam incomodados com o fato de enviarem tropas e dinheiro a uma guerra iniciada contra a vontade de muitos. O que irrita Paris é que, após ignorar o Conselho de Segurança, a Casa Branca agora quer compartilhar custos da operação, alegando a necessidade de que o mundo ajude o povo iraquiano. Para completar, os Estados Unidos não estariam dispostos a abrir mão completamente nem de controle político nem militar do Iraque. Paris deixou claro que se um novo papel for desempenhado pela comunidade internacional, a transferência de poder das forças da coalizão para um governo provisório deve ocorrer em um período de cerca de um mês. Para a França, a "lógica da ocupação" deve ser substituída por uma "lógica de soberania". Os chineses e russos também apoiaram a iniciativa. Mas antes mesmo da reunião começar, Powell afirmou que a proposta era "pouco realista". Após o encontro, continuou afirmando que as "diferenças (entre as posições) ainda existem". Já Adnan Pachachi, membro do Conselho de Governo do Iraque, afirmou que a transferência de poder ajudaria a aumentar a segurança no país. "Estamos ansiosos para que isso ocorra logo", afirmou o iraquiano. Powell deixou Genebra e seguiu viagem para o Kuwait e Bagdá. Essa será sua primeira visita ao Iraque após a guerra e tem com o objetivo "observar em primeira mão os progressos feitos pela comunidade internacional e pelo povo iraquiano com o objetivo de reconstruir seu país e sua sociedade".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.