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Os riscos da inação na crise síria

Omissão do governo Obama diante da crise síria vai contra interesses e valores dos EUA; devemos apoiar direta e abertamente os rebeldes

Por JOHN MCCAIN , , LINDSAY GRAHAM , JOE LIEBERMAN , SÃO SENADORES DOS EUA , JOHN MCCAIN , , LINDSAY GRAHAM , JOE LIEBERMAN e SÃO SENADORES DOS EUA
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ArtigoEnquanto os combates se intensificam na Síria e a oposição reitera seu pedido ao mundo de ajuda, a política de não envolvimento do governo Barack Obama revela-se cada vez mais conflitante com os valores e interesses dos EUA. Alguns sugeriram que os recentes sucessos dos rebeldes - como a ofensiva em Damasco e Alepo, o assassinato de representantes do alto escalão do regime e várias deserções de importantes autoridades - comprovam que a oposição síria está no caminho da vitória e não precisa da nossa assistência. Infelizmente, embora as ofensivas dos opositores estejam mais eficientes, o regime de Bashar Assad está longe do fim. Damasco conduz agora uma violenta e indiscriminada repressão contra civis, usando tanques e artilharia, helicópteros de ataque, milícias, franco-atiradores e, pela primeira vez, ataques aéreos. Irã e Hezbollah reforçam esses ataques com amplo suporte material, pois seus líderes sabem que a queda de Assad representaria um duro golpe também para eles. Ao mesmo tempo, Rússia e China continuam fornecendo cobertura diplomática à brutalidade do regime. De nossa parte, nos EUA, esperamos que os rebeldes acabem vencendo, mas, indiscutivelmente, essa é uma guerra profundamente injusta e feroz, cuja rapidez e a maneira como será vencida são de extrema importância. Todas as evidências sugerem que, em vez de ceder pacificamente o poder, Assad e seus aliados combaterão até o fim, deixando um país dilacerado. A distância dos EUA do conflito na Síria tem custos cada vez maiores - para o povo sírio e para os interesses americanos. Tememos que essa relutância em tomar a iniciativa, assim como a nossa incapacidade de acabar com o massacre dos curdos e dos xiitas sob Saddam Hussein, no Iraque, ou dos tutsis em Ruanda, assombre a nossa nação nos anos por vir. Nossa falta de envolvimento ativo na Síria também significa que, quando o regime de Assad finalmente cair, o povo sírio provavelmente não manifestará muito boa vontade em relação aos EUA - ao contrário do que ocorreu na Líbia, onde a profunda gratidão pela ajuda americana na guerra contra o ditador Muamar Kadafi lançou os fundamentos de um novo e luminoso capítulo nas relações entre os dois países. Além disso, mais do que na Líbia, os EUA têm consideráveis interesses em jogo na Síria no que se refere à segurança nacional: impedir o uso ou a transferência das armas químicas e biológicas - um perigo real e crescente - e garantir que a Al-Qaeda e seus violentos aliados não tenham condições de estabelecer uma nova base no coração do Oriente Médio. Nossas decisões e ações têm sido, infelizmente, insuficientes para salvaguardar esses e outros interesses. Guinada. A relutância americana faz com que, em primeiro lugar, esse conflito torne-se mais prolongado e sangrento. No entanto, não é tarde para mudar de posição. Em primeiro lugar, podemos e devemos fornecer ajuda direta e aberta à oposição armada - armas, inteligência e treinamento. Em segundo lugar, como os rebeldes estão estabelecendo zonas autônomas em partes da Síria, devemos colaborar com os nossos aliados para fortalecer essas áreas. Isso não exigiria a presença de tropas americanas, mas poderia envolver o uso de uma força aérea. Sabemos que há riscos em aprofundarmos o envolvimento no conflito feroz e complexo na Síria, mas a falta de ação implica em riscos ainda maiores para os EUA - vidas perdidas, oportunidades estratégicas desperdiçadas e valores comprometidos. Se continuarmos nos bastidores de uma batalha que ajudará a determinar o futuro do Oriente Médio, colocaremos em perigo nossos interesses e nossa posição moral no mundo.

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