Ossétia admite anexação à Rússia

Líder ossétio discute com Medvedev absorção ?nos próximos anos? e debate instalação de bases russas no território

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Por Moscou
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Três dias após Moscou ter reconhecido a independência da Ossétia do Sul, província da Geórgia, o governo ossétio afirmou que a Rússia pretende anexar a região "nos próximos anos". Autoridades do governo separatista disseram ainda que devem assinar em breve um acordo para instalar bases militares russas em seu território. O presidente russo, Dmitri Medvedev, e o líder da Ossétia do Sul, Eduard Kokoiti, reuniram-se em Moscou no início da semana para discutir a anexação do território, disse ontem o líder do Parlamento ossétio, Znaur Gassiyev. "Os dois líderes concordaram firmemente (sobre a anexação) e a Rússia absorverá a Ossétia do Sul nos próximos anos", disse o parlamentar. O Kremlin, no entanto, afirmou ontem que "não há informações oficiais" sobre o assunto. Na terça-feira, o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, disse que não havia razão que impedisse a Ossétia do Sul de ser um Estado independente. Apesar de o chanceler ter afirmado que o reconhecimento não era um prelúdio para a absorção da província pela Rússia, ele também não descartou essa possibilidade. Já na Geórgia, o vice-líder do Parlamento, Gigi Tsereteli, disse ontem que o anúncio dos ossétios não poderia ser levado a sério. "Os regimes separatistas da Abkázia e da Ossétia do Sul e as autoridades russas estão fora da realidade", afirmou Tsereteli. "O mundo mudou e a Rússia não será capaz de ocupar o território georgiano. Os governos da Abkázia e da Ossétia do Sul deveriam pensar sobre o fato de que se eles se tornarem parte da Rússia, serão assimilados e logo desaparecerão." PRESENÇA MILITAR "Em breve não haverá mais a Ossétia do Norte ou a Ossétia do Sul - haverá uma Alania unida como parte da Rússia", afirmou o vice-líder do Parlamento ossétio, Tarzan Kokoiti, usando um nome para Ossétia que se refere a um antigo reino que englobava a região, nos séculos 8º e 9º. "Viveremos em um único Estado russo." Kokoiti afirmou que na terça-feira será assinado um acordo com o governo russo sobre as bases militares em território ossétio e nesse dia será anunciado o número exato de instalações e onde elas serão construídas. Ainda ontem, o Kremlin anunciou que fechará sua embaixada na Geórgia, em reação à decisão do país vizinho de cortar relações diplomáticas com a Rússia, após Medvedev ter reconhecido a independência da Ossétia do Sul e da Abkázia. A crise na região explodiu no dia 7, quando a Geórgia entrou na Ossétia do Sul para tentar retomar controle da província. Em seguida, a Rússia reagiu, enviou tropas e começou a bombardear alvos na Geórgia. O conflito terminou com um acordo de paz mediado pela União Européia (UE), mas a tensão persiste. O reconhecimento russo da independência das duas províncias separatistas georgianas levantaram preocupações no Ocidente de que Moscou poderia intervir militarmente em outras ex-repúblicas soviéticas. PETRÓLEO O ministro russo de Energia, Serguei Shmatko, negou ontem que Moscou estivesse se preparando para interromper o envio de petróleo à Europa por causa da possibilidade de sofrer sanções da UE. A informação foi divulgada pelo jornal britânico Daily Telegraph, que afirmou que o Kremlin havia ordenado a pelo menos uma companhia petrolífera para se preparar para interromper o fornecimento a países europeus, caso as sanções fossem aprovadas. AP E REUTERS

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